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Dirceu no congresso nacional do PT, que terminou ontem. Ele foi um dos mais assediados para posar para fotos e dar autógrafos | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Dirceu no congresso nacional do PT, que terminou ontem. Ele foi um dos mais assediados para posar para fotos e dar autógrafos| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil.

Brasília - Cinco anos após o escândalo do mensalão, que acabou com a cassação de seu mandato como deputado federal, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi um dos petistas mais assediados durante o congresso nacional do partido. Qualquer caminhada dele pelo centro de convenções Ulysses Guimarães nos últimos três dias implicava em uma interminável sessão de fotos e autógrafos. "Sinto que tenho apoio na sociedade, que sabe que essa acusação foi política para desestabilizar o governo e até para gerar um impeachment do presidente", diz o ex-parlamentar.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, José Dirceu falou sobre as investigações do mensalão do PT – que "não houve", segundo ele – e sobre as alianças no estado. Para o petista, a "aliança ideal" no Paraná uniria PDT, PT e PMDB.

O senhor vai trabalhar na campanha do seu filho (Zeca Dirceu) para deputado federal?

Meu filho vai se eleger por conta própria. Ele tem apoio do PT, é uma liderança jovem e faz por merecer, pois construiu o partido na região dele (Oeste do Paraná). Eu, na medida do possível, tenho procurado apoiá-lo. Tenho feito algumas visitas com ele por algumas cidades do estado. Mas não vou poder participar diretamente porque também tenho que fazer a campanha em nível nacional. Acho que ele dá conta do recado. Vamos ver também se nós conseguimos uma aliança forte para eleger o próximo governador no Paraná e que ele participe desse esforço.

Como o senhor vê a aproximação do PT com o PDT para a candidatura do senador Osmar Dias ao governo estadual?

Eu tenho visto que tem avançado. Conversei duas vezes, há muito tempo, com o Osmar Dias, tenho visitado o governador Roberto Requião. Quem tem conduzido essa negociação é o ministro Paulo Bernardo, a Gleisi (Hoffmann), o Ênio Verri (presidente estadual do partido). Acho que eles estão indo bem. Agora, o ideal seria uma aliança que também incluísse o PMDB, o Requião como candidato a senador. Mas o PMDB tem a candidatura do Pessuti (Orlando)... Com o José Eduardo Dutra assumindo a presidência nacional do partido, ele vai pôr as mãos em obra nessa questão.

O senhor participou pessoalmente dessa negociação no Paraná ou estaria disposto a participar dela?

Não cheguei a participar da negociação porque nem tinha mandato para isso. Como eu tenho uma relação muito boa com o governador, a gente sempre conversa. Discutimos sobre o Brasil, sobre o PMDB, sobre a candidatura da ministra Dilma. Também conversei com o Osmar Dias. Mas quem está fazendo o acordo são nossas lideranças no Paraná.

Como o senhor vai atuar na campanha da ministra Dilma?

Isso ainda vai ser decidido pela coordenação da campanha. Se eu for convidado, aceito. Se eu não for, não tem problema nenhum. Sou soldado, já mostrei isso nesses anos que fiquei como militante sem mandato viajando pelo Brasil, defendendo o governo, o PT, o nome da ministra Dilma, a política de alianças do partido... A tarefa que me derem eu executo com prazer.

Mas a sua participação será mais ativa e aberta, na linha de frente?

Sim, eu vou ser membro da direção do PT novamente. Na campanha, eu assumo a função mais simples ou a mais complexa. Sou militante, atuo como soldado, à disposição do presidente e do PT.

A partir da avaliação das diretrizes do programa de governo da ministra Dilma é possível dizer que a gestão dela será mais à esquerda que a atual?

Não. É um governo que pode fazer tarefas que os dois governos Lula criaram as condições para serem feitas. Há também mudanças no mundo. A participação do Estado na economia hoje é uma demanda internacional. O papel dos bancos públicos no Brasil é uma demanda da iniciativa privada. E há outras questões, como a prioridade aos programas sociais. Nós já cumprimos outras tarefas de Estado e estamos em condições de assumir outras. Vejo isso como algo natural, não é mais para a esquerda ou para a direita. O Brasil conhece o PT. Sabe que nós respeitamos os acordos e os compromissos que assumimos. E o compromisso para os próximos quatro anos é manter o crescimento com distribuição de renda e aprofundar as mudanças sociais. E dar um salto tecnológico. O país precisa agregar valor, disputar novos mercados no mundo, elevar o padrão de vida no Brasil. E, por último, fazer a integração efetiva com a América do Sul.

Qual a similaridade entre o mensalão no governo do Distrito Federal e o do PT (em 2005)?

Não existiu o mensalão do PT. O que existiu no PT e que a cada dia fica mais comprovado pelo encaminhamento da investigação é que havia empréstimos em bancos para financiar campanhas ou empréstimos de campanhas. Nós pagamos por isso, respondemos na Justiça. Mas não por corrupção, formação de quadrilha, mas por uma questão de caixa dois eleitoral. Não há nenhuma similaridade com o que aconteceu em Brasília, porque aqui as fotos e os fatos dizem tudo. O Brasil conhece o que aconteceu. Eu, até agora, apesar de todas as investigações e processos que sofri, fui absolvido. A única coisa pela qual eu ainda não fui julgado é sobre essa acusação (no Supremo Tribunal Federal), que não é pouca coisa, em que estou sendo chamado de formador de quadrilha e de corrupto. Eu tenho a consciência tranquila e o julgamento vai responder a isso. Sinto que tenho apoio na sociedade, que sabe que essa acusação foi política para desestabilizar o governo e até para gerar um impeachment do presidente. Não tenho medo da Justiça. Eu quero a Justiça.

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