
As audiências relativas à primeira fase da Operação Publicano vão entrar em uma nova etapa a partir da próxima semana, em Londrina. Na segunda-feira (22), começam os depoimentos das 186 testemunhas indicadas pela defesa dos réus. A expectativa é de que, até 1.º de março, 31 pessoas sejam ouvidas por dia.
Durante a primeira semana de audiências no Tribunal do Juri, foram ouvidas 27 das 44 testemunhas arroladas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). As demais acabaram dispensadas. Entre os que prestaram depoimento estavam policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que deram detalhes das investigações e das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Segundo o MP, essas gravações mostravam a relação entre auditores e empresários, incluindo a existência de “laranjas” no suposto esquema de corrupção. Também foram ouvidos empresários que afirmaram terem sido vítimas da organização criminosa ou que foram coniventes com o esquema em algum momento.
Principal depoimento
O depoimento mais aguardado dessa etapa foi o do fotógrafo e ex-assessor da Casa Civil do governo do estado Marcelo Caramori. Preso em janeiro de 2015, acusado de participar do esquema de exploração sexual de adolescentes em Londrina, “Tchello” − como é mais conhecido − foi o primeiro investigado a fazer acordo de delação premiada com o MP, trazendo à tona os casos de corrupção na Receita Estadual.
Durante as quase duas horas de depoimento, Caramori disse não se lembrar de várias declarações que fez ao MP. Ainda assim, de maneira geral, confirmou o que havia dito na delação premiada. Contou que se aproximou de Luiz Abi Antoun − parente do governador Beto Richa (PSDB) – por conta da forte influência que ele tinha no Executivo estadual.
O ex-assessor da Casa Civil também afirmou ter ouvido que o auditor Márcio de Albuquerque Lima – apontado pelo MP com líder do esquema de corrupção na Receita Estadual em Londrina – foi nomeado inspetor geral de Fiscalização do órgão no Paraná por conta da influência de Abi.
Caramori ainda citou a relação próxima que Lima mantinha com os auditores José Luiz Favoreto e Luiz Antonio de Souza – principal delator do esquema. O fotógrafo, que dividiu a cela com Favoreto e Souza, relatou as conversas que teria presenciado enquanto esteve preso na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), incluindo uma suposta tentativa de suborno a um policial do Gaeco.
Outro lado
A reportagem tentou contato com a defesa de Luiz Abi Antoun, mas os advogados não foram localizados para comentar os depoimentos prestados nesta semana. Já o governo do Paraná nega que Abi tinha influência ou fazia indicações nos órgãos públicos estaduais. O advogado de Márcio de Albuquerque Lima, Douglas Maranhão, disse anteriormente que só vai se manifestar ao final do processo.



