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Repercussão

Aposentados satisfeitos com o índice

Guilherme Voitch

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Paulo José Zanetti, comemorou a aprovação do presidente Lula ao reajuste de 7,7% dos aposentados. "É a primeira que vez teremos um aumento real", disse ele.

Segundo Zanetti, o porcentual aprovado se aproxima do que foi defendido pelo sindicato, ligado à Força Sindical. "Queríamos o reajuste igual ao crescimento do PIB [Produto Interno Bruto de 2008]. Tivemos 80% desse valor, mais a inflação."

Apesar disso, Zanetto reclamou do veto ao fim do fator previdenciário. Para ele, a medida prejudica quem está na ativa. "Nós, aposentados, já sofremos com isso. Todos que se aposentaram depois de 1999 foram penalizados. Quem vai se aposentar para frente precisa lutar", afirmou Zanetti, lembrando que o sindicato defende a discussão de um novo modelo.

Brasília, São Paulo e Paris - Embora aliados do governo federal tenham desmentido que a decisão do presidente Lula de conceder o reajuste de 7,7% para os aposentados tenha tido motivação eleitoral, o impacto da sanção do aumento no cenário das eleições é inegável na opinião de cientistas políticos ouvidos pela reportagem. Cerca de 8,5 milhões de aposentados, potenciais eleitores, serão beneficiados com a medida.

Para o professor David Fleischer, do departamento de Ciência Política da UnB, se Lula vetasse o reajuste, haveria prejuízo eleitoral para Dilma. Ele considera que esse componente político foi fundamental para a decisão de Lula. "O reajuste dos aposentados vai ajudar na candidatura de Dilma. Se Lula tivesse vetado, atrapalharia muito o PT e todos os candidatos do partido", diz ele.

O cientista político Antonio Lavareda, da Consultoria MCI, que já esteve ligado ao PSDB, afirma que Lula conseguiu capitalizar para o governo o reajuste dos aposentados ao adiar ao máximo a decisão. "Lula quis ser o árbitro da decisão", diz Lavareda. Opinião semelhante tem o cientista político Murillo Aragão, da consultoria Arko Advice. Para ele, ao conceder o reajuste, Lula tirou a bandeira do Congresso, e especialmente da oposição, beneficando com sua decisão a candidatura de Dilma.

A sanção do reajuste, por mais que possa vir a causar problemas para as contas do governo, é tão sensível eleitoralmente que ontem nem mesmo opositores criticaram a medida. A pcandidata à Presidência Marina Silva (PV) elogiou a atitude de Lula, assim como a candidata petista, Dilma Rousseff. O tucano José Serra (PSDB) não defendeu a medida tomada por Lula. Mas também não a criticou. Ele se recusou a comentá-la.

Elogios da oposição

Já líderes de partidos da oposição, de olho nos votos dos aposentados, não tiveram pudor em dizer que o presidente tomou a atitude correta. "O aumento foi correto", disse o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Logo em seguida, alfinetou Lula. "[O aumento foi correto] não só porque é ano eleitoral. O presidente vem dando esses aumentos. Há tempos ele vem fazendo uma política mais frouxa no aspecto fiscal."

Na avaliação do líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), o aumento dado aos aposentados ajuda a recuperar o valor dos benefícios do INSS. "O período eleitoral nos ajuda a recuperar o processo acumulado de injustiças em relação aos aposentados", disse ele, reconhecendo que o índice mais generoso de aumento só foi aprovado neste ano porque há eleições.

As críticas, como era de se esperar, vieram de deputados tucanos.

"Eu esperava por isso. O Lula adora fazer cortesia com o chapéu alheio", disse o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA).

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