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O sargento Wellington Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, detalhou à CPI do Apagão Aéreo no Senado nesta quinta-feira (24) a quase colisão que teria ocorrido recentemente entre dois aviões.

Segundo ele, o incidente ocorreu no dia 5 de maio e envolveu um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e um vôo comercial que decolou de Brasília para Curitiba.

"A informação que tenho é que passaram um do outro a 200 pés (cerca de 60 metros), quando tem que passar a mil pés (300 metros)", disse.

Rodrigues havia revelado o episódio em depoimento à CPI na Câmara na terça (22). A Aeronáutica, porém, negou que essa quase colisão tivesse ocorrido. O sargento, que é controlador do Cindacta 1, de Brasília, disse que procurou então o registro no livro de ocorrências do controle e localizou o incidente.

Ele disse que não houve falha técnica, mas humana, um erro de algum controlador. "Isso mostra o estresse em que trabalha um controlador", disse.

Outro lado

Na CPI da Câmara, o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA), brigadeiro Ramón Borges Carneiro, negou nesta quinta que há 15 dias tenha ocorrido risco de colisão no ar de duas aeronaves de grande porte na região próxima a Brasília.

"Mandei investigar e não existe nenhum reporte nos últimos quinze dias de risco de colisão de duas aeronaves de grande porte", disse o brigadeiro.

Ele se prontificou, no entanto, a investigar se houve risco de colisão envolvendo uma aeronave de grande porte e outra menor.

Congonhas

O presidente da Associação dos Controladores afirmou ainda à CPI do Senado que as obras na pista principal do aeroporto de Congonhas iniciadas neste mês diminuem a segurança dos vôos que chegam ao local.

Segundo ele, como o aeroporto ficou com apenas uma única pista, os controladores precisam separar os aviões em forma de "prateleiras" para aguardar a descida. "Os aviões ficam esperando, diminui a segurança e é muito perigoso", afirmou.

Rodrigues reclamou ainda da Agência Nacional de Aviação de Civil (Anac), que, segundo ele, autoriza decolagem de vários vôos no mesmo horário.

"Às vezes, temos oito aeronaves decolando no mesmo horário. Alguém não vai decolar. Isso tem que ser revisto", disse.

O controlador repetiu ainda o que disse à CPI da Câmara: apontou falhas no sistema aéreo, negou que os controladores tenham feito sabotagens nos últimos meses e defendeu a desmilitarização do setor.

Rodrigues apresentou aos senadores uma exposição em que demonstra falhas no setor, como problemas na frequência, duplicação de pistas, e dificuldades na visualização do radar.

Ele reafirmou que o caos aéreo nos últimos meses não foi causado por sabotagem, mas por problemas do sistema que não estão sob responsabilidade dos controladores. Para Rodrigues, aliás, a subordinação militar no controle aéreo é "incompatível". "Nós somos militares, não controladores. Queremos ser controladores", disse.

Sobre o acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas no ano passado, Rodrigues disse que sabe apenas que a torre de São José dos Campos autorizou o jato Legacy (que se chocou com o avião da Gol) a decolar a 37 mil pés, sem informá-lo que deveria descer a 36 mil ao passar por Brasilia.

Assim como na Câmara, Rodrigues disse que os problemas no radar na Serra do Cachimbo, região do acidente, contribuíram para a tragédia. Segundo ele, a Aeronáutica já solucionou a falha, mas dificuldades parecidas continuam ocorrendo na região de Recife e Teresina.

O depoimento mais aguardado para esta quinta na CPI é o do controlador Roberto Freire, de Manaus, que trabalhava no momento do acidente com o avião da Gol. A CPI quer ouvir ainda nesta quinta Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção de Vôo.

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