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Depoimento

Banco do Brasil repassava 2% da verba de publicidade para o PT, diz Valério

Operador do mensalão afirma que diretores do banco exigiam “pedágio” para o partido. Henrique Pizzolato, um dos acusados, nega as denúncias

Marcos Valério: condenado, empresário volta ao centro das atenções após novo depoimento à Procuradoria da República | Jair Amaral/O Estado de Minas
Marcos Valério: condenado, empresário volta ao centro das atenções após novo depoimento à Procuradoria da República (Foto: Jair Amaral/O Estado de Minas)
Henrique Pizzolato: ex-diretor de banco nega acusações |

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Henrique Pizzolato: ex-diretor de banco nega acusações

O operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, uma espécie de "pedágio" para as agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira pública: 2% de todos os contratos seriam enviados para o caixa do PT. A informação foi revelada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo.

As declarações fazem parte de um pacote de denúncias feitas por Valério em depoimento ocorrido já durante o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça-feira, já havia vindo à tona a acusação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria dado aval pessoalmente aos empréstimos fraudulento que abasteceram a compra de votos no Congresso. Valério também disse que contas pessoais de Lula teriam sido pagas com verbas do esquema. Lula, que está em viagem a Paris, negou as acusações.

Em dois anos, os repasses do Banco do Brasil às cinco agências de publicidade com as quais mantinha contrato superaram R$ 400 milhões – uma delas era a DNA Propaganda, de Valério. Ou seja, segundo o empresário disse à Procuradoria-Geral da República, os desvios dos cofres públicos que abasteceram o mensalão podem ter sido maiores do que os que levaram o STF a condenar Valério e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.

Segundo concluiu a Corte no julgamento que está prestes a se encerrar, R$ 2,9 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Banco do Brasil para o mensalão. Mais R$ 74 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Fundo Visanet, do qual o BB fazia parte.

De acordo com Valério, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Pizzolato e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, que integra a estrutura do Banco do Brasil.

Contestação

Henrique Pizzolato contestou por meio de seu advogado a acusação feita por Marcos Valério. "Com certeza é impossível ele ter feito uma proposta dessas. Não tem a mínima possibilidade", afirmou o advogado Marthius Lobato. O advogado disse não ter tido acesso à integra do depoimento e que, por isso, não poderia fazer comentários sobre a acusação de Valério.

O PT informou que se manifestaria apenas pela nota divulgada nesta terça-feira. Na nota, o presidente da legenda, Rui Falcão, não faz qualquer menção ao episódio e lamenta a divulgação do novo depoimento de Valério.

O ex-presidente do Banco Popular do Brasil Ivan Guimarães não foi encontrado pela reportagem. As outras duas agências que passaram a prestar serviços para o Banco do Brasil em 2003, no início do governo Lula, não comentaram as declarações de Valério.

DiscursoEm Paris, Lula volta a criticar a imprensa

O ex-presidente Lula usou ontem em Paris (França) parte de seu discurso de uma hora e vinte minutos para criticar a imprensa. O ex-presidente, alvo de acusações do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, não se aproximou dos jornalistas.

Lula chegou ao centro de eventos do Ministério das Relações Exteriores da França por volta de 17h30 para fazer o discurso de encerramento do Fórum do Progresso Social, evento coorganizado pelo Instituto Lula. A sala, que no dia anterior tinha um amplo espaço para os jornalistas, nesta quarta-feira estava repleta de seguranças, que restringiram acesso aos palestrantes. No discurso, Lula discorreu sobre a crise econômica mundial. A cerca de três minutos do fim de sua intervenção, quando falava sobre os culpados pela crise econômica – "de responsabilidade de pessoas que a gente nem conhece" –, Lula criticou a imprensa, sem citar nomes ou fazer alusão ao mensalão. "Quando político é denunciado, a cara dele sai nos jornais de manhã, de tarde e de noite. Mas vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal?", disse ele. "Sabem por que não? Porque são eles que pagam a propaganda nos jornais", completou.

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