
Militantes do PT e ativistas da área de comunicação social abriram uma ofensiva contra o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que também é petista. A guerra tem como munição notas públicas e ironias em redes sociais. O motivo do descontentamento são as isenções fiscais concedidas a empresas de telecomunicações, previstas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) criticado, inclusive, em resolução do PT aprovada no início do mês em reunião da direção do partido em Fortaleza.
No texto da resolução, petistas cobram que a pasta reconsidere as isenções e reinicie o "processo de recuperação da Telebrás", empresa pública de telecomunicações desativada durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O clima entre o ministro e petistas se acirrou após entrevista de Bernardo ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada na quarta-feira, na qual o ministro diz ser "incompreensíveis" as críticas do partido à tentativa do governo de baixar impostos.
"Incompreensível, por qual motivo? Em nossa opinião, o ministro considera incompreensível porque, em sua concepção das coisas, ele separa o que faz parte do mesmo universo. Não é mais possível, no mundo da convergência digital, discutir democracia na mídia sem discutir as teles. Teles que oferecem um péssimo serviço, mas serão beneficiadas com desonerações e isenções", escreveu em seu blog Valter Pomar, dirigente da corrente petista Articulação de Esquerda.
O próprio Pomar divulgou imagem nas redes sociais em que ironiza a ligação de Bernardo com as empresas de telecomunicações. A imagem mostra empresários da área, como o mexicano Carlos Slim, segurando uma placa com os dizeres: "Sou Carlos Slim, dono da Claro, NET e Embratel. Paulo Bernardo me representa". Em outra montagem sugere uma conversa entre Bernardo e FHC em que o ex-presidente diz ter "inveja" do ministro de Dilma Rousseff por privatizar a infraestrutura do setor de telecomunicações no país.
O ministro tem pedido um debate menos apaixonado sobre a questão. Ele disse que chegou a pedir correção no documento do PT que criticava as isenções. O motivo foi o valor estimado pelo partido para o alívio fiscal: R$ 60 bilhões. Segundo o ministro, porém, o valor é de R$ 6 bilhões em cinco anos.
Panos quentes
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, colocou panos quentes ontem na polêmica. Ele disse que "não há crise" entre o partido e o ministro. "O governo acha que é importante facilitar a implantação da banda larga pelas desonerações, o partido achava que não. Ponto", afirmou, numa tentativa de minimizar a divergência.



