• Carregando...

O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) reassumiu o comando do PT nesta terça-feira, durante um almoço com petistas em Brasília, com a missão de pacificar o partido e trabalhar por candidatura única na base governista à presidência da Câmara. Berzoini afirmou que seu candidato é o líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP), mas também elogiou o trabalho do atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Os dois estavam no almoço e, ao sair, Aldo disse que não desiste de sua candidatura e descarta acordo.

- A relação do PT com o PCdoB sempre foi de divergências eventuais mas de muitas convergências. Não há problema de diálogo para uma candidatura comum - afirmou Berzoini, já lidando com a questão, considerada vital para a governabilidade.

Questionado sobre a possibilidade de permanência de Aldo Rebelo no cargo, Berzoini disse que não há problema de haver um diálogo de "alto nível" entre os dois partidos, embora tenha afirmado não acreditar que o presidente Lula esteja atuando com essa hipótese.

- A disputa não está descartada, mas não é o desejável. O ideal é ter um candidato único da base, e se possível um candidato único da Câmara.

A eleição está marcada para o dia 1º de fevereiro.

Tanto Aldo quanto Chinaglia aproveitaram a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silvapara apresentar suas candidaturas como fatos consumados. Lula avisou que chamará os dois para conversas separadas, em busca de um acordo para evitar a disputa na base.

Os dois candidatos saíram do encontro desta terça sem dar pistas de que vá haver um acordo em favor de uma candidatura única do governo.

- Não posso falar. Perguntem ao PT - completou o atual presidente da Câmara.

Aldo frisou que compareceu ao almoço como uma "cortesia" à volta de Berzoini à presidência do PT, e deixou claro que não vai desistir de sua candidatura.

- Tenho o apoio de deputados de todos os partidos da Casa, da base do governo e da oposição. Portanto, minha candidatura já não me pertence.

Antes do almoço, no restaurante Feitiço Mineiro, tradicional reduto petista na capital federal, Berzoini e Chinaglia estiveram reunidos com a bancada do partido na Câmara. Na presença de Arlindo Chinaglia, Marco Aurélio Garcia, que passou o cargo a Berzoini, afirmou que Aldo Rebelo sempre recebeu do PT a mais completa confiança e que a candidatura do partido não significava nenhuma restrição a ele.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, foi além e fixou prazo para o entendimento.

- Até o dia 20 teremos uma candidatura única - assegurou. - Temos mais duas semanas de conversação para chegarmos a um ajuste e a base do governo terá apenas um candidato, Aldo ou Arlindo.

Berzoini ficou afastado por dois meses

O retorno de Berzoini à presidência do PT ocorre pouco mais de dois meses depois de seu afastamento, nas vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, quando eclodiu o escândalo do envolvimento de petistas do comitê da reeleição na compra de um dossiê , feito pela família Vedoin, que seria usado contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Berzoini disse nesta terça que o escândalo do dossiê foi superado e que ele não se sente enfraquecido pelo episódio. ( Relembre quem são os personagens envolvidos no escândalo ).

Berzoini ressaltou que está "em sintonia" com Lula e que tem o apoio do presidente no retorno à presidência da legenda. Garantiu, também, que buscará assegurar que o PT seja uma força que ajude na coalizão governamental, propiciando uma segundo mandato com crescimento econômico. O presidente do PT disse ainda que o partido tem consciência de suas forças e limitações e de seu papel na sustentação do segundo mandato. Segundo ele, o partido precisa ajudar Lula:

- É preciso unidade política e coesão na base aliada para governar com segurança e sem crises graves - disse.

Marco Aurélio Garcia defende unidade

Em seu discurso de despedida, Garcia relembrou as circunstâncias difíceis em que recebeu o partido, durante a campanha presidencial, e disse que Berzoini foi o primeiro a reconhecer que era preciso se afastar. Segundo ele, depois que a CPI dos Sanguessugas e a Polícia Federal concluíram que Berzoini não teve envolvimento no escândalo do dossiê Vedoin, é natural a sua volta, já que foi isentado de qualquer responsabildade. Marco Aurélio lembrou ainda que Berzoini foi escolhido numa eleição em que participaram 300 mil filiados ao PT.

Marco Aurélio Garcia destacou a importância de um governo de coalizão para dar sustentabilidade ao segundo governo Lula. Segundo ele, o PT tem consciência de que não pode governar sozinho e que não basta o apoio apenas dos demais partidos de esquerda. Garcia lembrou que em julho haverá o congresso nacional no partido e pediu que o encontro "não seja um palco para lavar roupa suja". É neste congresso que será decidido se o mandato de Berzoini será mais curto. Isto porque a eleição para presidência do PT está marcada para setembro de 2008, às vésperas das eleições municipais, e poderá ser antecipada. Tarso Genro pediu que neste congresso seja discutida a refundação do PT.

Tarso: Seu mandato é legítimo

A volta de Berzoini foi elogiada nesta terça pelo ministro.

- Com a mesma naturalidade que disse a Berzoini (em outubro) de que ele deveria se licenciar naquele momento por razões políticas, para que as investigações fossem feitas sem constrangimentos, é absolutamente correto que ele deve voltar. Seu mandato é legítimo e nada foi encontrado contra ele - disse Tarso Genro.

O almoço em que Berzoini reassumiu a presidência do partido foi prestigiado também pelos ministros Walfrido dos Mares Guia (Turismo), Paulo Bernardo (Planejamento), Nelson Machado (Previdência) e Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), além do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, do líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]