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Veja os nomes que ocuparão o primeiro escalão do governo do Paraná a partir de 2011 |
Veja os nomes que ocuparão o primeiro escalão do governo do Paraná a partir de 2011| Foto:

Negociações

Fruet perde espaço para Pepe Richa

Terceiro colocado na disputa pelas duas vagas ao Senado na eleição deste ano, Gustavo Fruet era tido como o nome mais forte do secretariado de Richa. No entanto, com os principais postos de primeiro escalão já ocupados, o deputado, que não terá mandato a partir de 2011, deve ficar apenas com uma secretaria especial no governo. No centro desse imbróglio, está a eleição para a prefeitura de Curitiba em 2012. A disputa entre Fruet e o atual prefeito e também aliado de Richa, Luciano Ducci (PSB), é dada como praticamente certa. "É uma enorme perda política. O Beto não teve habilidade ao deixar o Fruet de fora do secretariado", afirma Ricardo Oliveira. Nesse cenário, para o cientista político da UFPR, o posto de principal secretário, que seria de Fruet, está na figura de José Richa Filho. Pepe, como é conhecido, é irmão do futuro governador e chefiará a pasta de Infraestrutura e Logística. "Ele terá em mãos uma supersecretaria. É complicado. Essa imagem de nepotismo, com a Fernanda Richa também no secretariado, é ruim para o governo do Beto", analisa.

Com o primeiro escalão do governo praticamente fechado, já é possível tirar conclusões importantes a respeito do secretariado nomeado pelo governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB). Na avaliação de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, ao escolher secretários de perfil técnico para pastas como Agricultura, Saúde e Segurança Pública, o tucano demonstra que quer errar o mínimo possível em áreas cruciais para os paranaenses. Ao mesmo tempo, eles destacam as nomeações de políticos – a maioria delas fruto de negociações entre os partidos – para secretarias ligadas diretamente ao caixa do Estado, como Fazenda e Pla­­­nejamento. Outro fato que chama a atenção, segundo os especialistas, é a ausência do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), ao menos por enquanto, da lista de secretários.A dez dias do início do novo governo, Richa anunciou 26 dos 30 nomes que ocuparão os postos de primeiro escalão do Executivo estadual. Até agora, dez deles têm o chamado perfil técnico, uma vez que atuam profissionalmente na área que comandarão no governo. O futuro secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, por exemplo, é técnico agrícola e funcionário de carreira da pasta desde 1979. Michele Caputo Neto, que é farmacêutico, chefiará a Secretaria da Saúde, da qual é servidor há 25 anos. Já o delegado da Polícia Federal Reinaldo de Almeida César será o secretário da Segurança Pública.

Para o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, a nomeação de pessoas com perfil técnico para essas pastas é mais uma necessidade do que propriamente uma escolha de Richa. "É importante evitar arranjos políticos nessas áreas, que vão ter uma linha dentro do governo de enorme necessidade de acertos", analisa.

A opinião é compartilhada pelo cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR. "Ele [Richa] mostra que quer gestores com capacidade e experiência comprovada para evitar erros nessas áreas mais sensíveis", afirma. "É evidente que toda nomeação envolve alguma ligação política, mas, nesses casos, foi preciso também ter currículo e ser visto como alguém que conhece do assunto."

Ligações partidárias

Por outro lado, secretarias que decidirão o destino da maior parte dos recursos do Estado ficarão na mão de políticos. A Fazenda, por exemplo, que vai gerir um orçamento de cerca de R$ 6,6 bilhões em 2011, será chefiada pelo deputado federal reeleito Luiz Carlos Hauly (PSDB). Já o deputado federal Cassio Taniguchi (DEM) comandará o Planejamento. Também são contemplados no secretariado PSB, PPS, PMDB e PP. "Nessa questão envolvendo o dinheiro do orçamento, trata-se de atender os interesses dos partidos que o apoiaram na eleição e mantê-los nessa base de apoio", diz Oliveira.

Ele destaca ainda a nomeação do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), ex-líder do governo Roberto Requião na Assembleia Legislativa, como forma de garantir maioria na Casa. "É es­­sencial ter uma boa relação com o maior partido da Assem­­­bleia e, para isso, foi preciso barganhar para cooptar os parlamentares."

Já Lepre alerta para a dificuldade em compor o secretariado atendendo, ao mesmo tempo, os inte­­­­res­­­ses políticos e a escolha de pessoas capacitadas para os cargos. "Ele [Richa] nomeou homens próximos dele para esses postos [com perfil político], porque precisa controlar de certa forma essas áreas", avalia. "É uma situação delicada por­­­­­que o governador não pode errar, mas precisa contentar os partidos, atender a critérios técnicos e escolher pessoas que tenham sintonia com ele."

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