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Sessão de ontem da Câmara: governo não conseguiu barrar requerimento sobre a Petrobras | Gustavo Lima/Ag. Câmara
Sessão de ontem da Câmara: governo não conseguiu barrar requerimento sobre a Petrobras| Foto: Gustavo Lima/Ag. Câmara

Contra-ataque

Governo mobiliza 12 ministérios para preparar "pacote de bondades"

Em resposta à articulação de aliados para a criação de um "blocão" de independentes na Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto montou ontem um pacote de bondades para tentar conter a ameaça de rebelião dos governistas que tem potencial para criar dificuldades nas votações.

O governo decidiu mobilizar 12 ministérios para atender demandas dos congressistas, prometeu cumprir liberação de verbas para as obras apadrinhadas por deputados e senadores no orçamento de 2013, além de elaborar uma pauta de votações de consenso.

Apesar da mobilização palaciana, os aliados prometem seguir na formação do novo grupo capitaneado pelo PMDB, que soma mais de 250 dos 513 deputados. O blocão, inclusive, tem reunião programada para hoje, na qual deve definir uma estratégia conjunta de atuação.

As queixas foram apresentadas ontem pelos líderes governistas ao vice-presidente Michel Temer e aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Eles ouviram um rosário de críticas que foi repetido inclusive pelo próprio PT.

Os governistas atacaram a falta de interlocução com o governo, o rompimento de acordos para o pagamento das chamadas emendas parlamentares, a interferência do Planalto na pauta da Casa, além de privilégios ao PT. O ritmo de liberação de verbas para as obras dos congressistas foi a principal crítica. O Planalto teria sinalizado que vai executar a liberação dos recursos acertados no ano passado, que ficou entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões, a depender do parlamentar.

Folhapress

O chamado "centrão", bloco informal composto por deputados descontentes com a articulação política do Planalto, enviou ontem um recado duro ao Planalto e colocou como primeiro item da pauta um requerimento para que uma comissão externa viaje para a Holanda e acompanhe investigações que citam a Petrobras. Após o PT iniciar uma obstrução à proposta, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), idealizador do grupo dos descontentes, retirou de ofício o requerimento, provocando o protesto da maioria dos parlamentares, que decidiram impedir a votação de outras propostas.

Agora, os parlamentares do bloco pretendem discutir novas estratégias depois do carnaval. Uma delas seria encampar a proposta do PP, que suspende uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que desobrigou distribuidoras de ressarcir consumidores por um erro nas contas de luz no período de 2002 a 2009. A conta é estimada em R$ 7 bilhões e com a queda da resolução a devolução poderá ser feita.

Crise na base

À tarde, na reunião de líderes, de nada adiantou a tentativa do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de barrar o pedido sobre a Petrobras. Chinaglia chegou a propor a convocação da presidente da Petrobras, Graça Foster, para prestar esclarecimentos, mas os deputados rejeitaram a proposta. "O Arlindo chiou, argumentou, fez o papel dele. Prometeu trazer a presidente da Petrobras como se ela fosse presidente da República. Aí é demais", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

O "centrão", que inclui deputados do PMDB, PP, PR, PTB, PDT, PSC, decidiu apoiar o pedido para que uma comissão externa formada por parlamentares acompanhe na Holanda as investigações do esquema de pagamento de subornos a empresas no qual a Petrobras é mencionada. Autoridades holandesas apuram se a empresa SBM pagou propina a funcionários da estatal em negócios envolvendo a compra de plataformas.

O chamado "centrão" surgiu como forma de retaliação por problemas da articulação política do Planalto. Os parlamentares reclamam de problemas com a liberação de emendas, falta de espaço em cargos e tratamento diferenciado dado pelo governo a deputados do PT.

CPI

A oposição começou a recolher ontem assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de irregularidades na Petrobras. São necessárias 171 assinaturas de apoio na Câmara e outras 27 no Senado. PPS, PSDB, DEM e Solidariedade querem analisar denúncias de superfaturamento, pagamento de propina e má gestão na estatal.

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