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Rocha Loures (à esq.) é quase uma sombra de Temer em todos os eventos públicos do vice-presidente. | Henry Milleo/Gazeta
Rocha Loures (à esq.) é quase uma sombra de Temer em todos os eventos públicos do vice-presidente.| Foto: Henry Milleo/Gazeta

O comando do PMDB deve definir na terça-feira (29) suas posições sobre 14 pontos levantados na convenção nacional do partido, realizada no mês passado. A decisão mais importante será pela retirada ou manutenção do apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Cada um dos lados acredita ter número suficiente de votos para vencer, e o cenário parece indefinido. Fato é que a definição será decisiva para alavancar ou fazer baixar os ânimos em torno do processo de impeachment da petista, além de puxar outros partidos para o seu lado.

Ex-deputado federal pelo Paraná e braço direito de Michel Temer, o Chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência da República, Rodrigo Rocha Loures, defende que o PMDB declare independência em relação ao governo. A posição do principal porta-voz do vice-presidente é um termômetro importante ao indicar que a balança peemedebista pesa cada vez mais para o lado do rompimento com Dilma.

Qual a sua expectativa sobre a reunião do PMDB no dia 29?

A expectativa é que os membros do diretório tragam suas posições que serão reveladoras da posição da direção nacional recém-eleita do PMDB. Hoje existe uma disputa em torno dos números. Ambos os lados dizem que têm votos no diretório para sustentar suas posições. Vamos aguardar porque, de fato, o que defendo é que o mais rapidamente possível o PMDB decida a sua posição no Congresso. Essa decisão é fundamental e naturalmente influencia os outros partidos. Mas não é possível prever qual será o resultado antes da reunião. O que eu ouvi falar hoje, que eu espero que não aconteça, é uma tentativa da ala do PMDB pró-governo de esvaziar a reunião para que ela não tenha quórum. Não sei se é verdade, temos que aguardar.

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Qual a sua posição?

A minha posição é de que o PMDB deva assumir independência em relação ao governo. Deve liberar os parlamentares para votarem com a sua consciência, sem o constrangimento de serem base do governo. Eu defendo que o PMDB vote sempre o que for importante para o Brasil no Congresso, mas que assuma definitivamente uma posição de independência em relação ao governo.

O ex-presidente Lula tem trabalhado para que não haja cisão com o PMDB. Isso tem surtido efeito?

Entendo que o PMDB é independente. São 50 anos de militância a favor do país. Entendo que o presidente Lula não teve sucesso na sua tentativa de manter o PMDB como satélite do PT. O PMDB não é o PT. O PMDB tem luz própria, tem visão do país, tem um plano para o país, chamado “Uma ponte para o futuro”, e nosso compromisso é com o Brasil e com os brasileiros. Em que pese o respeito que o PMDB tem por todos os partidos, sejam da base ou da oposição, o fato é que o PMDB é independente, e continuará, pela sua história, sua força e seu tamanho, seguindo com a sua própria vontade. Ninguém é capaz de conduzir o PMDB senão os próprios peemedebistas, nós não aceitamos as tentativas que foram feitas de interferência na vida interna do partido. Eu pessoalmente acredito que foi uma afronta a tentativa do governo de desconsiderar uma decisão tomada pelos peemedebistas na sua convenção. Quatro dias após uma decisão tomada, o governo tenta dividir o PMDB, interferindo na vida partidária de um partido. Foi inadequado, deselegante, impróprio, e afrontoso o que o governo fez no caso do ministro Mauro Lopes e isso deu muita disposição à ala o PMDB que já vinha descontente com o governo de sair do governo.

A minha posição é de que o PMDB deva assumir independência em relação ao governo. Deve liberar os parlamentares para votarem com a sua consciência, sem o constrangimento de serem base do governo.

Se houver decisão pela saída do governo, há risco de os ministros do partido se manterem nos cargos?

A regra partidária é para qualquer filiado do partido: em descumprimento do regimento e da orientação partidária, esse filiado passa a ser passível de responsabilização. O processo pode levar à suspensão da filiação e até à expulsão, existem diversas modalidades de penalidades. Mas isso depende do que for decidido da reunião.

Em eventual cisão, como deve se comportar o partido no Congresso? Haverá apoio ao impeachment?

Será a manifestação de independência do PMDB junto ao governo e um sinal para os deputados e senadores votarem de acordo com a sua consciência. Com essa referência, o PMDB adota uma posição de buscar aquilo que for melhor para o Brasil. Isso nem sempre significa o que é melhor para o governo ou para esse governo. Esse fato é muito importante politicamente porque deixa à vontade aqueles parlamentares que, por alguma razão, estão constrangidos pelo governo ou preocupados em ficar sem uma posição definida. Fica claro que qualquer parlamentar, a partir daquele momento, terá liberdade para escolher o caminho que achar adequado de acordo com a sua base. Em diversos estado, o PMDB já assumiu posições. Há um ambiente que favorece esse cenário. A nossa proposta é que o PMDB esteja unido. Não estando unido, é preciso, pelo princípio da democracia, escolher entre nós. Caso seja majoritária a vontade do partido pela independência, deixaremos a base do governo, e então cada parlamentar vai se posicionar de acordo com a sua situação ou a situação do seu estado. O que é preciso garantir é a transparência das decisões. Será um dia importante para a democracia brasileira.

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