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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, vai pressionar o seu homólogo chinês, Hu Jintao, a se empenhar pela redução do superávit comercial do seu país com os EUA e a aderir aos esforços pelo isolamento do Irã, disseram autoridades norte-americanas na segunda-feira.

Bush e Hu se reúnem na Casa Branca num momento em que muitos norte-americanos vêem a China como o novo grande competidor dos EUA no mercado mundial - um gigante asiático com enorme apetite por petróleo e que inunda os Estados Unidos com mercadorias baratas.

No cenário político, os EUA querem que o regime comunista de Pequim exerça pressão real sobre Irã e Coréia do Norte, dois países suspeitos de desenvolverem armas nucleares.

Além disso, Washington tradicionalmente critica a situação dos direitos humanos na China, que seria incompatível com uma potência mundial, e diz que Pequim deveria alterar sua estratégia diplomática, voltada para garantir o fornecimento de petróleo, mesmo que isso signifique apoiar governos, como o do Sudão, que provocam abusos ou promovem a instabilidade.

Mas o comércio continua sendo a maior preocupação de Bush na relação bilateral, pois o superávit comercial chinês com os EUA triplicou no ano passado, atingindo 202 bilhões de dólares.

Faryar Shirzad, diretor de assuntos econômicos internacionais no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse que Bush pressionará Hu a tomar novas medidas de abertura de mercados.

Bush pedirá especificamente, segundo Shirzad, que o presidente chinês flexibilize o câmbio e proteja os direitos de propriedade intelectual contra a pirataria chinesa de softwares originalmente norte-americanos.

O setor industrial dos EUA espera que Hu anuncie que em breve a China adotará o câmbio totalmente flutuante. Eles afirmam que o iuan chinês está entre 15 e 40 por cento subvalorizado, o que facilita as exportações da China e dificulta a venda de produtos norte-americanos para o mercado mais populoso do mundo.

Mas uma fonte do governo Bush disse duvidar de que tal anúncio saia durante a reunião da Casa Branca.

- Não prevejo mudanças, mas (o câmbio) é uma questão que é prioridade para nós - disse esse funcionário a jornalistas.

Para aplainar o terreno, Pequim enviou uma delegação comercial que percorreu os EUA fazendo compras equivalentes a 15 bilhões de dólares.

Mas isso não acalmou os democratas, que culpam Bush pelo déficit bilateral. Em carta a Bush, o líder da minoria no Senado, Harry Reid, disse que "a falta de ação real do seu governo levou os líderes chineses a crerem que a retórica é mais importante que a substância."

"Apesar das eventuais palavras rudes e do ranger de sabres, seu governo se manteve parado enquanto a China ditava o curso da nossa relação comercial e econômica. É hora de uma nova orientação política", escreveu o senador.

A respeito das ambições nucleares do Irã, uma fonte do governo disse que Bush pretende atrair a China para uma "abordagem passo a passo" contra o possível desenvolvimento de armas atômicas por Teerã. Esse funcionário lembrou, entretanto, que historicamente a China se opõe à adoção de sanções no Conselho de Segurança da ONU.

Porém, diante dos comentários belicosos do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, esse funcionário disse que "os chineses chegaram ao ponto de perceber que precisamos nos manter firmes nessa questão, de modo que torcemos por seu apoio".

Hu receberá honras militares completas e uma salva de 21 tiros de canhão no desembarque. Ao invés do habitual jantar dos chefes de Estado, haverá um banquete para 200 convidados.

Rompendo a prática habitual da Casa Branca, não haverá uma entrevista coletiva conjunta após a reunião. "Eles (os chineses) não se sentem tão confortáveis quanto nós em eventos de imprensa", afirmou uma autoridade norte-americana de primeiro escalão.

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