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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse a uma cética opinião pública norte-americana na quarta-feira (horário local) que enviará cerca de 21.500 soldados adicionais ao Iraque e, numa rara medida, reconheceu o erro de não ter enviado mais soldados antes.

``A situação no Iraque é inaceitável para os americanos, e é inaceitável para mim'', disse Bush em um discurso na Casa Branca, transmitido pela TV. ``Onde houve erros, a responsabilidade é minha.''

Com a paciência dos norte-americanos com a forma que Bush vem lidando com a guerra se esgotando, o presidente disse que colocará uma pressão maior nos iraquianos para restaurar a ordem em Bagdá e usou uma linguagem dura para alertar o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, que o ''comprometimento da América não é ilimitado''.

``Se o governo iraquiano não cumprir suas promessas, ele perderá o apoio do povo americano e perderá o apoio do povo iraquiano'', disse Bush.

Ele acrescentou que sua nova estratégia, pela qual os iraquianos tentarão responsabilizar-se pela segurança das 18 províncias do país até novembro - contra as três atuais -, ``não colocará um fim aos ataques suicidas'' e a outros tipos de violência.

``O ano que temos à frente exigirá mais paciência, sacrifício e determinação.''

Bush acusou o Irã e a Síria de permitir o uso de seus territórios para que terroristas e insurgentes entrem e saiam do Iraque e prometeu que ``vamos interromper o fluxo de suporte da Síria e do Irã. E vamos buscar e destruir as redes que fornecem armas avançadas e treinamento para nossos inimigos no Iraque''.

Antes de uma visita da secretária de Estado Condoleezza Rice ao país, Bush disse que a Arábia Saudita, o Egito, a Jordânia e os Estados do Golfo precisam entender que uma derrota norte-americana no Iraque ``criará um santuário para extremistas - e uma derrota estratégica para sua sobrevivência''.

O novo envio de tropas para a guerra, que já dura quase quatro anos, - 17.500 para Bagdá e 4.000 para a conturbada província de Anbar - vai contra a opinião dos democratas, que acreditam que a medida provocará uma escalada do conflito.

Bush não estabeleceu um cronograma para o início do envio das tropas.

O presidente enfrenta um momento difícil, após quase quatro anos de guerra e cenas de carnificina, que abalaram seu argumento de que a vitória no Iraque é possível.

``Apesar dos alertas de seus principais generais e da mensagem enviada pelo povo americano, o presidente novamente decidiu agir sozinho. Essa é a abordagem errada'', disse a senadora Patty Murray, do Estado de Washington.

EUA PREOCUPADOS

Uma maioria sólida dos norte-americanos se opõe ao envio de mais soldados ao Iraque, assim como alguns membros do Partido Republicano, o mesmo de Bush, que estavam inquietos sobre o tema.

``Me oponho ao envio de mais tropas para Bagdá, porque ele não é uma estratégia para a vitória'', disse o senador republicano por Minessota, Norm Coleman.

Bush buscou justificar o aumento no efetivo no Iraque afirmando que os soldados são necessários para manter bairros da capital livres de insurgentes. Ele disse que se o governo iraquiano for derrubado, os Estados Unidos precisarão manter suas forças no país por mais tempo.

``Se aumentarmos nosso apoio nesse momento crucial e ajudarmos os iraquianos a quebrar o atual ciclo de violência, podemos acelerar o dia que nossas tropas voltarão para casa'', disse.

Ele acrescentou que o Iraque tem de cumprir suas promessas de aprovar reformas para compartilhar as receitas obtidas com o petróleo, com o objetivo de obter uma reconciliação política entre os grupos do país. Bush, no entanto, não estabeleceu prazos.

Os democratas, que viram sua vitória e consequente tomada de controle no Congresso nas eleições de novembro como um sinal de que os eleitores querem a volta gradual das tropas, prometeram realizar uma votação simbólica sobre o plano de Bush na Câmara dos Deputados e no Senado.

Mas não parece haver apetite, ao menos no curto prazo, para tentar reduzir o financiamento para o aumento no número de soldados. Bush pedirá ao Congresso 5,6 bilhões de dólares para financiar o envio extra e mais 1,2 bilhão de dólares para programas de emprego e de reconstrução, numa tentativa de evitar que os iraquianos entrem em milícias.

Falando dos erros que levaram à impressão de fracasso no Iraque, o presidente disse que tentativas anteriores de garantir a segurança em Bagdá fracassaram, porque ``não houve tropas americanas e iraquianas suficientes para garantir a segurança de bairros, em que terroristas e insurgentes foram expulsos''.

Foi um raro reconhecimento de responsabilidade num erro por Bush. Ele disse que seus comandantes militares revisaram esse novo plano e lhe garantiram que ele lidará com os problemas.

Em Bagdá, os iraquianos mostraram-se céticos com o envio de mais tropas norte-americanas.

A polícia recuperou os corpos de 60 pessoas com ferimentos a bala e sinais de tortura de várias partes da capital nas 24 horas que antecederam a noite de quarta-feira, informou uma fonte do Ministério do Interior do país.

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