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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou na quinta-feira a juventude à falta de consciência política, ao criticar um pequeno grupo de manifestantes que protestava durante a cerimônia de inauguração de mais uma Unidade de Ensino Descentralizada, vinculada ao Cefet, em Campos, no Norte Fluminense. Pouco antes, em Minas, atacara novamente as elites, que, segundo ele, aprovam as bolsas para "doutor estudar no exterior" e criticam os programas sociais.

Em Campos, um grupo de 11 pessoas, entre professores e estudantes da escola protestou, com narizes de palhaços e apitos, reclamando da falta de condições para trabalhar e estudar, e causou irritação em Lula. Para defender o presidente, o governador do Rio, Sérgio Cabral, antes de começar o discurso, deu uma bronca nos manifestantes, e pediu ao público que os vaiasse.

- São meninos pequenos-burgueses, exercendo o mau humor e reclamando de barriga cheia. Fiquem quietos e me deixem falar. É uma meia dúzia sendo vaiada pela multidão - disse, ao engrossar o coro de vaias contra os estudantes e professores.

Lula interveio e ironizou os manifestantes:

- Sérgio, deixa eu te dizer uma coisa: nunca mais fique nervoso com o pessoal que protesta, porque esse pessoal é tão jovem e desprovido de consciência política que vem protestar usando nariz de palhaço. Daqui a pouco, vai ter um movimento dos palhaços contra esse gente.Em MG, Lula critica elites que atacam programas sociais

Mais cedo, em discurso inflamado em Minas Gerais, Lula voltou a atacar as elites, afirmando que elas só criticam quando o governo investe em programas sociais para as pessoas mais pobres. Segundo ele, as mesmas elites que reclamam dos gastos do Bolsa Família não vêem problema nas bolsas oferecidas para estudantes brasileiros no exterior. Lula afirmou que "tem gente no Brasil que fica horrorizado quando o governo cuida dos mais necessitados". O país, segundo o presidente, era governado por uma pequena elite, que tinha acesso à universidade e que agora critica o programa.

- Tem gente que critica o Bolsa Família como um programa assistencialista, porque estamos dando o direito de os mais pobres comerem. Essas mesmas pessoas que criticam o Bolsa Família não criticam uma bolsa de U$ 2 mil para um doutor se formar no exterior, não é um contra-senso? - perguntou Lula, que inaugurou em Congonhas uma unidade do Centro Federal de Educação tecnológica de Ouro Preto, com custo de R$ 2,43 milhões.

Lula defendeu os investimentos tanto em bolsas para estudantes no exterior como em programas como o ProUni, e disse que seu governo tenta criar oportunidades iguais para pobres e ricos.

- Nós temos que cuidar da sociedade como um todo, mas temos que cuidar dos mais pobres em primeiro lugar. Nós queremos que o rico tenha universidade boa, mas queremos que o pobre tenha também uma boa universidade, para construímos um mundo com oportunidades iguais - afirmou.

Animado com a platéia formada em sua maioria por crianças e adolescentes, o presidente lembrou da época em que se matriculou na escola técnica, arrastado pela mãe, e de como a profissão de torneiro mecânico o levou de sindicalista, a fundador do PT e após, quatro tentativas, a presidente da República.

- Eu aprendi uma profissão, arrumei emprego numa fábrica grande, passei a ganhar mais do que oito salários mínimos na época, minha vida começou a melhorar. Com a minha profissão virei dirigente sindical, fiz as greves que deveria fazer nos anos 70, fundei o PT e virei o presidente da República desse país - lembrou Lula, aconselhando os estudantes a persistirem nos estudos.

Para chegar à Presidência, Lula disse que teve que ser persistente. O país, segundo ele, que foi governado até então por presidentes que tinham cursado universidades, não se preocupavam com o ensino superior. Mas esse governo vai gastar e fazer investimentos na educação, disse.

- A economia brasileira vai bem, em seis meses nós criamos 1,2 milhões de empregos. Está faltando mão de obra qualificada e é urgente formar essa mão de obra - animou-se Lula.Lula sente o gosto de ser aplaudido no Rio, depois das vaias do Pan

Em clima de festa

Pela primeira vez no Rio de Janeiro depois das vaias que recebeu na abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Maracanã, Lula foi recebido em clima de festa e sob aplausos de estudantes de uma escola federal que atende bairros de áreas carentes da cidade. O presidente chegou ao Colégio Pedro II, em Realengo, nesta quinta-feira, ao som da bateria de uma pequena escola de samba local e foi tratado como ídolo ao subir ao palanque montado no pátio da escola, onde inaugurou obras de 2,9 milhões de reais para atender a cerca de mil alunos de ensino médio do subúrbio. Com a manifestação, Lula trocou o ar de cansaço da viagem por três cidades - Tiradentes (MG), Campos (RJ) e Rio - por sorrisos e acenos aos estudantes que se amontoavam sobre as cadeiras para fotografá-lo.

O presidente disse ainda que o Brasil está passando com tranqüilidade pela crise que vem sacudindo os mercados de todo mundo. Nesta quinta-feira, bolsas de todo o mundo tiveram fortes perdas. A Bovespa, que chegou a cair quase 9%, terminou o pregão em baixa de 2,58% e o dólar disparou. Mas segundo o presidente, o Brasil tem uma reserva de US$ 158 bilhões, e continua entrando mais dólar no país do que saindo.

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