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Heráclito Fortes: “Não vamos aprovar algo inconstitucional” | Renato Araújo/ABr
Heráclito Fortes: “Não vamos aprovar algo inconstitucional”| Foto: Renato Araújo/ABr

Cadastro

Senado corta pagamento de 45 fantasmas

Pelo menos 45 servidores do Senado que tiveram os salários cortados desde a semana passada por não responderem ao censo realizado pela instituição permanecem sem atualizar os seus dados no cadastro da Casa – num sinal de que podem ser efetivamente funcionários fantasmas.

Apesar de os servidores ainda terem mais cinco dias para atualizarem os dados, a decisão da Casa de cortar os salários não foi suficiente para forçá-los a realizar o recadastramento até agora.

A portaria que determina o corte nos salários de 88 servidores que não iniciaram o processo de recadastramento foi publicada na última quinta-feira no boletim administrativo do Senado. Com a decisão, 32 servidores concluíram o cadastro e outros 11 deram início ao processo para responder ao censo. Apenas 45 servidores mantiveram a postura de não iniciar o recadastramento.

Entre os 415 servidores que haviam iniciado o recadastramento, mas não concluíram, 231 ainda não finalizaram o processo. Todos os servidores têm até sexta-feira para finalizarem o recadastramento, já que o prazo de cinco dias úteis de prazo para a conclusão do censo começou a ser contado na última quinta-feira.

Brasília - O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse ontem que a Casa vai retirar da reforma administrativa a ser implementada na instituição o artigo que permite a um grupo de servidores receber salários acima do teto do funcionalismo público federal, fixado em R$ 25,7 mil. Por considerar a brecha "inconstitucional", Heráclito disse que o texto vai passar por mudanças. "Isso não tem sentido. Não vamos aprovar algo inconstitucional. Na reforma, nenhum servidor vai poder receber além do teto", afirmou.

O artigo da reforma prevê que os servidores que recebem funções comissionadas além da remuneração mensal poderiam somar valores superiores ao teto. Heráclito disse que o artigo foi incluído de última hora para beneficiar servidores.

Ao ser informado sobre a brecha, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também disse na última sexta-feira que a introdução do artigo passou desperce­­bido pelo comando da Casa.

"Foi alguma introdução, coisa de última hora, que deve ter sido feita com um certo viso corporativista, mas não vai vingar. É inconstitucional. É uma coisa que não tem nenhuma base legal, não podemos fazer de jeito nenhum", afirmou Sarney.

O artigo da reforma que inclui a brecha afirma que "a remuneração mensal do servidor do Senado Federal terá como limite máximo o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal, ressalvadas as parcelas de caráter indenizatório e a devida pelo exercício de função comissionada".

Com a ressalva, a proposta abre a brecha para que os servidores efetivos do Senado (concursados) que recebem comissões além do salário somem vencimentos acima do teto.

Investigação

A procuradora da República Anna Carolina Resende de Azevedo Maia instaurou inquérito civil para investigar a brecha. "Há elementos que apontam para uma análise equivocada do texto constitucional", diz a procuradora.

Sarney apresentou a reforma administrativa do Senado na semana passada com as mudanças sugeridas por técnicos da Casa ao relatório inicialmente elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A proposta preserva os parlamentares de cortes no número de servidores comissionados vinculados aos gabinetes até o final de 2010.

Pelo texto, os senadores terão que reduzir o número de funcionários comissionados só a partir de 2011 – quando será eleita a nova Mesa Diretora do Senado. Na maior parte dos casos, os comissionados são indicações políticas. Haverá a redução das atuais 41 diretorias da Casa para cinco. Também está previsto o corte no número de departamentos do Senado, que seriam reduzidos de 602 para 361 setores.

A reforma da Fundação Getúlio Vargas precisa ser aprovada em plenário para entrar em vigor. Os senadores terão 15 dias para apresentar sugestões. Depois, a FGV e técnicos do Senado vão analisá-las para incorporar as mudanças ao texto – que será submetido à análise do plenário.

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