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Segundo um documento extra-oficial de 112 páginas apresentado pelo deputado Vic Pires Franco (DEM-PA), à CPI do Apagão Aéreo da Câmara nesta terça-feira (5), que seria a transcrição da caixa-preta do jatinho Legacy, os pilotos, em certo momento do vôo, não sabiam onde estavam. Às 16h36, o co-piloto Jan Paladino pergunta onde eles estão. O comandante Joe Lepore responde: "Eu não sei."

Apesar de estar aparentemente perdido, o piloto resolve tirar uma soneca. A transcrição extra-oficial mostra que às 16h39 ele diz para o co-piloto: "Eu vou tirar uma soneca." O "descanso" dura até as 16h55, um minuto antes do choque do jatinho contra o Boeing da Gol no dia 29 de setembro do ano passado, causando o maior acidente aéreo da história do Brasil, com 154 mortos.

Transponder desligado

A transcrição da caixa-preta diz também que o Legacy poderia estar com o transponder (equipamento que envia os dados relativos ao avião para outras aeronaves e para o centro de controle) desligado no momento em que as duas aeronaves colidiram.

O documento diz que o choque entre o jato e o Boeing ocorreu às 16h56min54s (horário de Brasília). "Às 16h12, o co-piloto [Jan Paul Paladino] perguntou se o comandante [Joe Lepore] queria desligar um determinado aparelho. O comandante disse que sim. Às 16h59min, três minutos depois do choque, o co-piloto constata que o TCAS [transponder] está desligado e ordena que seja ligado", diz o deputado, lendo a transcrição e ressaltando não ter certeza de que o aparelho em questão é mesmo o transponder.

Ainda com base no relatório extra-oficial, o deputado Vic Pires Franco diz acreditar que o jato executivo Legacy saiu de sua rota de vôo. "Às 16h16, o piloto fala: 'Vamos um pouco naquela direção.' Um tempo depois, ele fala para voltar à rota. Ora, se ele precisava voltar, então é porque não estava nela", acredita o deputado.

Zona cega

Durante os cerca de 15 minutos de descanso do piloto, o co-piloto constatou que algo estava errado com a freqüência e tentou por várias vezes contato com a Torre de Brasília. Sem sucesso. O choque pode ser ouvido com clareza, segundo a transcrição.

"Estão crucificando os controladores, quando eram os pilotos que estavam agindo com total imprudência e pilotando um avião sem ter a menor familiaridade com o equipamento", diz o deputado Vic Pires Franco. Para ele, infelizmente, entretanto, "os pilotos nunca mais colocarão os pés no Brasil".

Franco sai em defesa dos controladores. Diz que nenhum deles pode ser processado por homicídio doloso (com intenção de matar). "Ninguém saiu de casa naquele dia com a intenção de matar 154 pessoas", fala.

Para o deputado, a transcrição que tem em mãos muda os rumos das investigações. "Elas provam que os funcionários da Embraer ajudaram os pilotos a usar o avião, se intrometeram na cabine, deram palpites. Os pilotos não sabiam bem o que estavam fazendo."

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