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O relator da CPI do Apagão Aéreo na Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que a transcrição da caixa-preta do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, mudou radicalmente o entendimento que se tinha sobre as culpas da tragédia. A transcrição das gravações foi obtida na sexta-feira passada pela CPI e apresentada na manhã desta segunda pelo deputado Vic Pires Franco (DEM-PA). De acordo com Maia, o conteúdo demonstra claro desconhecimento dos pilotos americanos sobre o equipamento.

- Foi a primeira vez que tive acesso à caixa-preta. Se pudesse apontar um responsável pelo acidente, seriam os pilotos - declarou Maia.

Isso significa uma mudança na opinião do relator, que há duas semanas considerava que os elementos obtidos demonstravam uma maior responsabilidade dos controladores de vôo pelo acidente. Marco Maia admite essa mudança de opinião. Segundo o relator, em algumas passagens da gravação, os pilotos demonstram a intenção de desligar alguns equipamentos e de solicitar informações ao técnico da Embraer, fabricante da aeronave, que estava presente no vôo.

Apesar de imputar aos pilotos a maior responsabilidade pelo acidente neste momento, Marco Maia reafirmou a disposição da CPI de ouvir o depoimento dos dois, Joseph Lepore e Jean Paul Paladino. A CPI já enviou pedidos formais nesse sentido ao Ministério da Justiça e ao Itamaraty.

Controladores: Software do Cindacta continua induzindo ao erro

Colega de Jomarcelo Fernandes dos Santos, controlador apontado pelo Ministério Público como um dos principais responsáveis pelo acidente com o avião da Gol, Carlos Eduardo Alves da Silveira disse que o software do Cindacta continua fazendo a mudança automática de nível das aeronaves, o que teria confundido os controladores no dia do acidente que matou 154 pessoas. Silveira faz parte do grupo de controladores de vôo que foi ao Congresso nesta segunda-feira prestar solidariedade aos quatro colegas que prestam depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara.

O plano de vôo do Cindacta para o Legacy estabelecia que o jato deveria voar de São José dos Campos até Brasília a 37 mil pés. A partir de Brasília, desceria para 36 mil. Mas o Legacy se manteve nos 37 mil, altitude onde, em sentido contrário, vinha o Boeing da Gol.

- Todo mundo é igual a Jomarcelo, podia ter acontecido com qualquer um de nós e pode acontecer de novo porque o sistema continua fazendo a mudança automática de nível. Ontem aconteceu três vezes e, ao meu ver, isso foi o principal motivo que levou ao acidente - disse.

Para o MP, Jomarcelo cometeu um crime doloso. Ou seja, percebeu a iminência do acidente e não fez nada para evitar. Na sexta-feira, o juiz federal Murilo Mendes, de Sinop (MT), aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino, e os quatro controladores de vôo.

No início da sessão, os cerca de 20 controladores estavam na sala da CPI, mas tiveram que sair assim que começaram os depoimentos individuais dos quatro colegas, em sessão reservada. Eles se comprometeram a responder às perguntas dos parlamentares caso a reunião fosse fechada. Os controladores, então, resolveram fazer um manifesto silencioso em defesa do colega, na porta da comissão, cada um com uma placa com o nome de Jomarcelo no peito.

Manifesto

Quando a sessão ainda estava aberta, o controlador Lucivando Tibúrcio de Alencar leu um manifesto responsabilizando os pilotos do Legacy e os equipamentos de controle de tráfego pelo acidente. No manifesto, os controladores dizem ser pessoas capazes, preparadas e dispostas ao trabalho, mas afirmam que estão sendo prejulgados e que não tiveram direito de defesa. Lucivando e Jomarcelo falaram com exclusividade ao "Fantástico", neste domingo. Na entrevista os dois controladores se dizem inocentes.

Além de Lucivando e Jomarcelo, depõem Felipe dos Santos Reis e Leandro José Santos Barros. A crise do setor aéreo no país começou no fim de outubro de 2006, depois que os controladores de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas para a realização de investigações sobre a tragédia.CPI do Senado ouve comandante da Aeronáutica

Aeronáutica

Em outra frente de investigação, no Senado, depõem na tarde desta segunda-feira o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, sobre a situação do sistema de controle do tráfego aéreo brasileiro.

Saito defendeu o sistema integrado de controle de vôo e disse que o Brasil responderia mais rápido que os Estados Unidos a uma crise como a do 11 de setembro de 2001.

O comandante Célio de Abreu Júnior, representando o Sindicato Nacional dos Aeronautas, e o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio de Aguiar Júnior, também estão convidados para a reunião da CPI do Apagão no Senado.

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