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João Almeida, líder do PSDB: “Aqui se formou uma indústria de PECs” | Brizza Cavalcante/Ag. Câmara
João Almeida, líder do PSDB: “Aqui se formou uma indústria de PECs”| Foto: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara

Na espera

Confira as principais propostas de emendas constitucionais (PECs) que esperam a votação ainda neste ano na Câmara dos Deputados:

Licença-maternidade

A PEC 30/07 amplia para seis meses a licença maternidade no país. A proposta é uma das prioridades da bancada feminina da Câmara neste ano e já havia um acordo entre os líderes para que ela fosse votada em 2010.

Jornada de trabalho

A PEC 231/95 reduz a jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas. A proposta conta com o forte lobby das centrais sindicais, mas é criticada pelo empresariado. Ela ganhou um texto alternativo, que determina que a nova jornada passe a ser de 42 horas semanais. Mesmo assim, não há consenso em relação à matéria.

Cartórios

A PEC 471/05 efetiva 7,8 mil titulares de cartórios que, entre 1988 e 1994, assumiram vagas ou foram transferidos para outras serventias sem prestar concurso. A situação desses cartorários é considerada inconstitucional pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que em janeiro determinou a realização de concurso público para a ocupação das serventias dentro de seis meses.

Piso dos policiais

A PEC 300/07 estabelece que o piso dos bombeiros e policiais militares de todo o país seja de R$ 3,5 mil. O projeto foi aprovado na semana passada pelos deputados. Porém, ainda depende da votação de alguns destaques para seguir para análise do Senado.

Mesa diretora

Única mudança constitucional que passou pelo corte dos deputados na reunião do início da semana, a PEC 590/06 trata da reserva de cadeiras para as mulheres nas mesas diretoras da Câmara Federal, do Senado e de todas as comissões das duas Casas. Pela proposta, a representação entre homens e mulheres deverá ser proporcional.

Brasília - A Câmara dos Deputados voltou atrás ontem e "descongelou" a tramitação de propostas de emendas constitucionais (PECs). Na terça-feira, a direção da Casa e algumas lideranças partidárias haviam decidido não votar nenhuma PEC até as eleições de outubro. O adiamento dessas votações havia sido proposto pelo governo. O congelamento das PECs seria um forma de evitar que discussões importantes para o país fossem contaminadas pelo processo eleitoral e propostas populares – de alto custo para o Exe­­­cutivo ou para setores da so­­cie­­­dade – viessem a ser aprovadas sem debate. Isso poderia ocorrer porque os parlamentares iriam temer pela reeleição caso votassem contra essas PECs.

Alguns deputados reconhecem que, diante do lobby ostensivo de vários setores para a votação de PECs nos próximos meses, a suspensão seria uma medida antipopular. Dentre as propostas que ficariam congeladas estavam, por exemplo, a emenda que fixa em R$ 3,5 mil o piso nacional de policiais militares e a que reduz a jor­­­na­­­da de trabalho de 44 para 40 ho­­­ras semanais (veja quadro ao lado).

Por pressão das bancadas, os líderes partidários decidiram descongelar as PECs. Ou seja, elas poderão vir a ser analisadas antes de outubro. Mas as lideranças da Câmara ontem acertaram que, em no máximo três semanas, irão analisar as mais de 60 propostas que esperam por votação na Casa para selecionar aquelas que serão apreciadas até o fim do ano.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi quem sugeriu o prazo. Ele quer que os partidos selecionem as que consideram mais relevantes para entrar em pauta.

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), criticou a liberação da votação das PECs. Para ele, foi criada uma "farra do boi" na Câmara com a apresentação de propostas sobre temas que não deveriam tramitar na Casa no formato de emendas constitucionais.

O petista citou como exemplo a PEC dos Policiais, que fixa um piso salarial para a categoria na Constituição. Há mais de duas semanas, os policiais lotam os corredores da Casa para pressionar pela votação da PEC. "A Consti­­tuição está sendo banalizada. Vamos parar para analisar as PECs por 20 dias e os líderes vão discuti-las. Vamos escolher um número pequeno de PECs para votar até o final do ano. Muitos não conseguiram aguentar a pressão (dos lobistas)", afirmou.

O líder do PSDB, deputado João Almeida (BA), também foi voto vencido. Para ele, a Câmara erra ao atender aos apelos de lobistas sem discutir as matérias em profundidade. "Aqui se formou uma indústria de PECs. Chegamos num momento em que querem votar PECs de interesses corporativos em ano eleitoral."

Dois terços

Uma PEC, para ser aprovada, precisa dos votos de dois terços dos deputados e dos senadores, em dois turnos de votação em cada Casa. Já um projeto de lei exige maioria simples para aprovação (50% mais um dos votos).

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