Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Brasília

Câmara dos Deputados decide cortar supersalários pagos a servidores

Medida vai gerar economia mensal de R$ 7,1 milhões por mês aos cofres públicos. Pagamentos acima do teto constitucional foram proibidos há quase dois meses pelo STF

A mesa diretora da Câmara dos Deputados decidiu, em reunião nesta quarta-feira (26), reduzir o salário dos funcionários da Casa que ganham acima do teto constitucional. Com a decisão, que levou em conta determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), nenhum dos servidores poderá ganhar acima de R$ 29,4 mil, valor máximo estipulado para o pagamento de servidores públicos.

A Câmara diz não ter uma lista dos funcionários com ganhos acima do teto, mas informou que "extras" dos supersalários geram um custo de R$ 7,1 milhões por mês. No ano passado, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou interromper os pagamentos dos valores elevados, estimava-se que 1,1 mil servidores recebiam salários irregulares. O mesmo estudo do TCU apontou outros 464 funcionários com rendimentos acima do teto no Senado, que determinou o corte dos pagamentos em junho.

De acordo com a Câmara, a medida terá validade a partir da próxima folha de pagamento, em dezembro. A decisão não tem caráter retroativo.

Impasse jurídico

O imbróglio que mantinha os supersalários na Câmara dos Deputados se arrastava desde agosto do ano passado, quando um acórdão do TCU obrigou a Casa a aplicar nas contas do teto salarial não apenas o salário em si, mas também todas as parcelas remuneratórias ganhas pelos servidores, como auxílios, bonificações, valores por cargo comissionado e horas extras.

Por causa da determinação, os salários de valores ilegais foram diminuídos. No entanto, em fevereiro deste ano, liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, permitiu a volta do pagamento dos salários superiores ao teto constitucional de R$ 29,4 mil a todos os servidores que tiveram o benefício suspenso.

O ministro alegou que os servidores não tiveram direito de defesa, ou seja, não foram ouvidos antes do corte ser aplicado. No mesmo mês, os supersalários voltaram a ser pagos, e só foram, por fim, interrompidos com base em nova decisão do STF, que, no início do mês passado, obrigou a redução de salário de quem recebem acima do teto do funcionalismo público.

O entendimento do STF de considerar irregular o pagamento de supersalários foi para um caso do estado de Goiás, que tentava a aplicação de corte de vencimentos de um grupo de aposentados e pensionistas militares que recebiam acima do limite. A decisão, portanto, teve validade para todo o país.

Ainda assim, a determinação do Supremo não foi suficiente para que o Legislativo cortasse de vez os pagamentos acima do teto. Um recurso interno movido por funcionários, que alegaram a ilegalidade do corte antes da publicação do acórdão do STF – que só deve sair no início de dezembro – foi acatada pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves. Dessa forma, os salários foram mantidos até a determinação desta quarta da Mesa Diretora.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Câmara disse que nunca realizou os pagamentos de maneira ilegal, e que sempre cumpriu o teto constitucional de acordo com a interpretação jurídica que estava vigente.

Novo teto

Atualmente, o teto do funcionalismo público é de R$ 29.462,25 – valor que recebem os ministros do STF –, mas proposta aprovada nesta quarta-feira na Comissão de Finanças e Tributação eleva esse montante para R$ 35.919,05. A proposta ainda precisa ser aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e pelo Senado. A intenção é de que o novo teto passe a valer a partir de 1º de janeiro de 2015.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.