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A Mesa Diretora da Câmara vai divulgar ainda nesta quarta-feira a lista dos parlamentares que serão investigados pela comissão de sindicância criada para apurar o envolvimento de deputados na máfia da ambulância. A comissão tem prazo de 30 dias para ouvir Maria da Penha Lino, ex-funcionária do Ministério da Saúde envolvida no esquema, e obter mais informações com a Polícia Federal.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, informou que a Mesa decidiu dividir os parlamentares em três grupos. Um incluirá os deputados com maiores indícios de envolvimento com a quadrilha desbaratada na operação Sanguessuga, da Polícia Federal. Este grupo será o primeiro a ser investigado pela comissão. O deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo secretário da Mesa da Câmara, deve estar nesse grupo.

No segundo grupo estarão os parlamentares aos quais a Mesa ainda depende de informações da PF para tomar as providências. São os deputados que, embora sem a citação de seus nomes, tiveram assessores presos na operação. Nesse caso, será preciso aguardar a sindicância que está sendo feita sobre os funcionários envolvidos.

No terceiro grupo estarão os deputados contra os quais não foram encontrados indícios razoáveis de envolvimento nas fraudes. São deputados aos quais a própria quadrilha diz nas gravações que não participam do esquema.

A Mesa decidiu também pedir as fitas originais das conversas gravadas pela PF para tirar algumas dúvidas, assim como a lista com os nomes dos 170 deputados citados no depoimento de Maria da Penha. Os deputados Robson Tuma (PFL-SP) e Odair Cunha (PT-MG) serão os relatores do caso. Capixaba, João Caldas, quarto secretário da Mesa, e Eduardo Gomes, terceiro secretário, não participaram da reunião da Mesa.

A ex-assessora do Ministério da Saúde prometeu entregar à PF um CD com os nomes de todos os parlamentares que teriam recebido propina para apresentar emendas ao Orçamento da União e favorecer um esquema de fraudes em compras de ambulâncias para prefeituras. A informação foi dada à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira por uma fonte ligada às investigações da operação Sanguessuga, que já prendeu 55 pessoas suspeitas de superfaturar a venda de ambulâncias para prefeituras.

Entre os presos estão os ex-deputados Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Ronivon Santiago (PP-AC) e 12 assessores de parlamentares federais.

Maria da Penha também foi presa na operação e disse em depoimento que 170 parlamentares receberam propina da quadrilha para fazer emendas ao Orçamento que beneficiassem os municípios atendidos pela Planam, empresa que vendia as ambulâncias superfaturadas.

Maria da Penha contou também que os parlamentares assinavam propostas em branco de emendas ao Orçamento. Os documentos, de acordo com o depoimento da ex-servidora, eram preenchidos por funcionários da Planam, que incluíam os valores da emenda e os municípios que receberiam a verba. A assessora prestou depoimento à PF e ao Ministério Público, depois de um acordo que pode reduzir sua pena em caso de condenação.

O esquema teria desviado R$ 110 milhões e o dinheiro para os parlamentares chegava ao Congresso dentro de malas, nos bolsos e até em cuecas e meias de motoristas e funcionários da empresa, de acordo com o depoimento de Maria da Penha.

Numa conversa gravada pela PF, com autorização judicial, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planam, apontado como o chefe da organização, se vangloria da base parlamentar que estaria a serviço da quadrilha.

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