
Os trabalhos na Câmara Municipal de Curitiba em 2012 recomeçam hoje sob a sombra das denúncias envolvendo o presidente licenciado da Casa, o vereador João Cláudio Derosso (PSDB). Suspeito de contratar de forma irregular empresas de publicidade que prestaram serviço para a Casa, Derosso solicitou licença do cargo por 90 dias em novembro do ano passado. A solicitação foi feita depois que o Ministério Público pediu a condenação de Derosso por improbidade administrativa.
Ainda não se sabe se o tucano irá pedir prorrogação do pedido. Caso isso não ocorra, Derosso retorna à presidência em 21 de fevereiro. Nos bastidores, as opiniões se dividem sobre o possível retorno do tucano ao cargo que ocupa há 15 anos. Alguns vereadores dizem que não existe mais clima para Derosso voltar à presidência da Casa. Outros, no entanto, acreditam que ele ainda tem respaldo entre os colegas e são grandes as chances de seu retorno.
Na avaliação da vereadora Professora Josete (PT), apenas se ocorresse alguma indicação de punição a Derosso ele não retornaria à presidência. "Eu sinto que, internamente, a Casa não está disposta a romper com essa lógica. Se houvesse essa vontade, tanto a CPI como o processo no Conselho de Ética teriam tido outro desfecho", argumenta.
Os processos da Câmara Municipal relacionados às possíveis irregularidades na publicidade da Casa (contratos no valor de cerca de R$ 30 milhões) acabaram em "pizza". Os dois processos que corriam no Conselho de Ética foram arquivados após o pediso de licença de Derosso. Já a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurava as denúncias contra o tucano inocentou o vereador sob o argumento de que os indícios de irregularidades não eram conclusivos.
Apesar desses resultados, Paulo Salamuni (PV) diz perceber um sentimento entre os colegas contra a volta de Derosso ao cargo. "Há um sentimento, mas eles parecem não ter vontade de manifestar isso", afirma o vereador, que acredita que a era Derosso na presidência da Câmara teria de ser encerrada. "Eu acho que ele deveria se afastar definitivamente e a Câmara eleger um novo presidente para [comandar a Casa] até o fim deste ano."
A reportagem procurou Derosso por telefone e em seu gabinete, na Câmara Municipal, mas ele não foi localizado para comentar o assunto. A secretária do gabiente do vereador afirmou que ele estava na Casa e recomendou que fosse procurado no gabinete da presidência, no qual também não foi encontrado.
InterinoSubstituto do substituto abrirá ano legislativo
O ano legislativo na Câmara de Curitiba será aberto hoje, numa sessão plenária, pelo vereador Tico Kuzma (PSB). Ele substitui o presidente interino da Câmara, Sabino Picolo (DEM). Picolo assumiu o cargo por causa do afastamento de João Claudio Derosso (PSDB) da presidência da Câmara. Kuzma fica como presidente da Casa até domingo. Nesse período, Picolo fica à frente da prefeitura, devido à viagem do prefeito Luciano Ducci (PSB) à Europa.
"Esse é um grande desafio, que enfrento com muita alegria", diz Kuzma, que está no segundo mandato. O vereador pretende, nos dias que ficará como presidente, organizar a pauta de votação dos próximos dias e a nova composição das comissões permanentes. As lideranças dos partidos já indicaram os integrantes de cada comissão, que agora têm de definir o presidente e vice.





