Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Tragédia na estrada

Caminhão que provocou acidentes em Santa Catarina tinha freio só em duas rodas, diz laudo

O perito Luiz Maran afirmou que era visível a falta de manutenção para o sistema de freios do veículo

Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" (Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical)

O caminhão que provocou uma tragédia em Santa Catarina no dia 9 de outubro, quando 27 pessoas morreram em dois acidentes, possuía freio somente em duas de suas dez rodas, de acordo com laudo divulgado pelo Instituto Geral de Perícias. O perito Luiz Maran afirmou que era visível a falta de manutenção para o sistema de freios do veículo. A carreta invadiu o local onde eram socorridas as vítimas de um primeiro acidente, com sete mortos, atropelando e matando mais 20 pessoas no quilômetro 630 da BR-282, em Descanso, oeste do estado.

Nos dois eixos da parte frontal do caminhão, de um total de quatro rodas, apenas a esquerda do segundo eixo estava em boas condições, de acordo com o delegado da Polícia Civil de Descanso, Rudinei Charão Teixeira. As outras três estavam em péssimo estado de conservação, acrescentou o delegado.

Ainda de acordo com ele, a perícia acaba contradizendo o depoimento do motorista Rosinei Ferrari, que afirmou desconhecer problemas no sistema de freios antes de chegar próximo ao local do acidente. O prazo para conclusão do inquérito termina na quinta-feira. O motorista deve ser indiciado por homicídio. Ele continua internado no Hospital São José, em Maravilha, com um ferimento na perna esquerda e não tem previsão de alta nesta semana.

Outro problema também foi detectado: a carga de açúcar era de 30 toneladas, de acordo com o depoimento do motorista, quando a capacidade máxima do semi-reboque era de 27 toneladas. Além disso, somando as 30 toneladas da carga com as 15 toneladas do semi-reboque e 16 toneladas da parte frontal, o peso do veículo somava 61 toneladas. Foi tamanho peso que levou o caminhão a percorrer 850 metros em um minuto, passando de zero para a velocidade de 102 km/h no momento da colisão.

O tacógrafo mostrou que o motorista tentou parar às 20h19m, mas não havia mais ar nos tambores para acionar os freios. No minuto seguinte, 16 pessoas morreram.

No semi-reboque carregado de açúcar, onde havia três eixos e seis rodados, o perito concluiu que havia eficiência no sistema de frenagem apenas no lado direito do último eixo. De acordo com o delegado, o caminhão tinha 25% de freios e o semi-reboque, apenas 16,7%. O laudo confirma que parte das mangueiras de ar que acionam o freio do reboque estavam desconectadas.

- O laudo pericial conclui que o caminhão não tinha condições de rodar - disse o delegado Charão.

A advogada da Transportadora Turatto e Turatto, empresa proprietária do caminhão, Solange da Silva Machado, disse que aguardará o acesso ao laudo para se pronunciar.

Ela adiantou que a empresa forneceu as notas que comprovam as manutenções realizadas. Solange também confirmou que sabia dos problemas mecânicos que ocorreram na hora do acidente.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.