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Estratégias estudadas, ações realizadas, prova concluída. Era só aguardar, como quem espera o resultado de um exame na escola. No último dia 29 de outubro, as urnas deram às equipes de marketing de cada candidato a nota pelos seus esforços durante os últimos quatro meses. Passada a avaliação, resta agora somente discutir os erros e acertos de cada lado. Para especialistas que analisaram a corrida ao governo estadual, a campanha eleitoral no Paraná não trouxe novidades, mas foi traçada com inteligência pela equipe de marketing de cada candidato.

A estratégia adotada pela equipe de Osmar Dias em reforçar a "truculência" do governador Roberto Requião garantiu a ele uma "quase vitória", afirma o cientista político e professor da Unicenp, Alexandro Pereira. Segundo ele, os ataques são a saída automática encontrada quando um candidato desponta à frente nas pesquisas, mas têm eficácia limitada. "Foi inteligente da parte do PDT. Os votos atribuídos ao candidato devem ser contados como votos anti-Requião, de rejeição do eleitor", afirma.

Já o reforço da imagem de que Requião seria o candidato ao lados dos pobres e a associação de Osmar a privatizações e favorável à classe alta polarizou a campanha "de modo inteligente", disse Pereira. "Eles acertaram em mostrar um Requião mais suave e reforçar uma imagem que, de fato, ele seria semelhante a Lula, na luta pelos pobres, mesmo que isso não corresponda à prática política", analisa.

Para o diretor do setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR e professor de marketing, Zaki Akel Sobrinho, o marketing político dessas eleições está mais avançado na análise estratégica. "Os dois candidatos se pautaram por pesquisas o tempo todo, buscando o eleitorado indeciso e fazendo um mapeamento das comunidades. A campanha foi melhor que muitas empresas, principalmente na parte de pesquisa de análise de mercado", afirma Akel Sobrinho. Mesmo assim, avalia o diretor, as estratégias não satisfizeram o eleitorado, especialmente a de ataques pessoais entre os candidatos. "É preciso refinar os processos de pesquisa para tentar entender o mosaico do eleitorado, tem que ter um equipe que saia fazer uma leitura. Não é o que aconteceu aqui, porque houve uma divisão muito forte do eleitorado", diz Akel Sobrinho.

Como ponto forte das eleições, o professor destaca a exposição dos concorrentes à comunidade. Segundo ele, houve uma "evolução" nas campanhas, que personalizou a relação candidato – eleitor. "Com a nova lei, os candidatos não puderam abusar dos grandes eventos. A campanha corpo a corpo expôs os candidatos à comunidade. Eles tiveram que fazer reuniões mais direcionadas em busca de votos, sempre passíveis de receber um feedback", afirma.

De acordo com a cientista política da UFPR, Luciana Veiga, as estratágias adotadas por ambos os candidatos foram vitoriosas, mas cumpriram um padrão natural de campanha eleitoral. "O mandatário mostrou o que fez, que o copo estava cheio. O desafiante quis mostrar que o copo não estava tão cheio assim", disse. Segundo ela, a forma como Osmar Dias conduziu a campanha foi a única maneira que ele tinha para elevar a temperatura da disputa, que parecia definida no início da campanha. "A estratégia de ataque teve efeito forte, porque o bom desempenho veio vinculada à visão que os eleitores têm do Requião, de que ele é truculento, mas é um bom governante ou que ele pode ser um bom governante, mas é truculento" , disse. Já o ponto forte da campanha de Requião, segundo Luciana, foi a redução no tom autoritário criticado pelo adversário e não ter subestimado as críticas. "O pedido de desculpas associado a ter baixado o tom de voz foi a fortaleza que o possibilitou ganhar a eleição", afirma.

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