
Os sete candidatos à prefeitura de Curitiba pretendem gastar R$ 68,3 milhões durante a campanha eleitoral deste ano. A estimativa de gastos com a campanha aumentou 16% em comparação ao pleito de 2008 já descontada a inflação do período. Os quatro principais candidatos são responsáveis por 98,7% do orçamento apresentado para a eleição majoritária. Os dados foram divulgados ontem no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), junto com os dados dos registros de candidaturas.
Atual prefeito da cidade e candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB) apresenta a expectativa mais elevada de gastos, R$ 23,5 milhões. Ratinho Júnior (PSC) fica em segundo lugar entre os que mais pretendem gastar nesta eleição, a previsão é fazer R$ 18 milhões em despesas. Ele é seguido pelo pedetista Gustavo Fruet, que espera gastar até R$ 16 milhões com a campanha.
Candidato do PMDB, Rafael Greca é o último dos concorrentes à prefeitura de Curitiba que prevê gastar acima da casa dos milhões na campanha. O valor estimado é de R$ 10 milhões. Já as campanhas dos outros três candidatos Alzimara Bacellar (PPL), Avanilson Araújo (PSTU) e Bruno Meirinho (PSol) totalizam o valor de R$ 850 mil como teto das despesas.
Mais cara
Esta é a eleição mais cara dos últimos oito anos. Em 2004, treze candidatos concorriam à prefeitura com o limite de cerca de R$ 37 milhões. Em 2008, a previsão era gastar R$ 48 milhões na campanha. A diferença porcentual entre a previsão de gastos de 2004 para 2008 foi de 0,5% já descontada a inflação do período. Para este ano, houve um salto em relação ao pleito municipal anterior, com um aumento porcentual de 16%.
As características desta eleição ajudam a explicar o cenário. Diferente de 2008, agora há uma despolarização da campanha, com a presença de Ratinho Júnior ameaçando os outros dois principais candidatos, Luciano Ducci e Gustavo Fruet. Na última eleição, apenas dois fortes concorrentes disputaram o cargo, Beto Richa (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT).
Com a eleição mais acirrada, os candidatos se veem obrigados a prever gastos maiores em suas campanhas. "Com a máquina pública, a oposição presente na cidade e a fama de Ratinho Júnior disputando o mesmo cargo as perspectivas de gasto aumentam. O candidato do PSC representa uma liderança regional, mesmo estando filiado a um partido sem reconhecimento no país", considera o consultor de marketing político Carlos Manhanelli.
Para o cientista político da UFPR Emerson Cervi, a mudança no mecanismo de controle dos gastos da Justiça Eleitoral também ajuda a explicar o aumento da previsão das despesas ano a ano.
"Com a possibilidade de punição, os comitês financeiros podem ter tornado as estimativa mais próximas da realidade", afirma Cervi.
Pela lei eleitoral, se o candidato gastar além da estimativa informada, ele pode ser multado e responder por abuso do poder econômico.
Ratinho Júnior lidera ranking das declarações de bens
Entre os sete candidatos a prefeito de Curitiba, Ratinho Júnior (PSC) é o que possui o maior valor em bens declarados. São R$ 7,5 milhões, cerca de R$ 5 milhões a mais que Gustavo Fruet (PDT), que possui o segundo maior patrimônio.
O prefeito Luciano Ducci (PSB) declarou o valor de R$ 312 mil, um patrimônio 12% menor do que o registrado em 2008, quando disputou o cargo de vice-prefeito. No mês passado, Ducci negou a veracidade de informações da revista Veja. Segundo a publicação, o patrimônio dele e de sua esposa, Marry Dal Prá Ducci, passou de pouco mais de R$ 1 milhão em 2008 para R$ 30 milhões em 2012. O prefeito entregou declarações de Imposto de Renda dele mesmo e de seus familiares ao Ministério Público para tentar comprovar que a denúncia não procede.
Rafael Greca (PMDB) também afirmou ter reduzido seu patrimônio desde que disputou a sua última eleição, em 2010. A declaração registrada neste ano afirma que o peemedebista agora tem 53% a menos do que quando disputou a eleição para deputado estadual.
Já os bens de Ratinho Júnior e Fruet aumentaram nos últimos dois anos. O candidato do PSC teve um aumento de 270% frente aos R$ 1,9 milhões declarados no último pleito. O patrimônio de Fruet cresceu 72% em relação ao que declarou em 2010.
Os bens declarados no site do TSE não necessariamente mostram a totalidade do patrimônio do candidato. Muitas vezes alguns bens são repassados para o nome de filhos e cônjuges, o que não é uma ilegalidade. Os dados informados são comparados com o de declarações de imposto de renda anteriores e, havendo uma discrepância, podem ser investigados.
"Se houver alguma inconsistência que for denunciada, o candidato terá que comprovar. Mas ela não ajuda de fato como comparação do crescimento patrimonial", diz o cientista político da UFPR Emerson Cervi.
De acordo com Carlos Manhanelli, consultor de marketing político, a declaração é positiva mesmo para o que apresenta o maior patrimônio. "Os candidatos que declaram seus bens podem ser favorecidos pelo fato de que a população pode entender que eles não precisarão do dinheiro da máquina pública e nem estarão envolvidos em irregularidades". (MB e IC)



