Candidatos querem usar tevê para melhorar imagem da Casa

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A população está à margem das discussões sobre a disputa interna da Câmara dos Deputados e as propostas dos candidatos à presidência da Casa refletem essa situação. Semelhantes em diversos pontos, nenhuma das promessas se baseia na criação de uma agenda pública para os parlamentares. "Todos os candidatos têm propostas institucionais, de questões muito internas", comenta o cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fabrício Tomio.

Uma das questões internas mais discutidas pelos deputados é a preocupação evidente dos políticos com a imagem que a população tem da Câmara Federal. Nas três propostas a que a Gazeta do Povo teve acesso – até o fechamento desta matéria o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) não havia mandado suas promessas –, aparecem projetos para usar a TV Câmara e os outros órgãos de comunicação da Casa para melhorar a imagem dos parlamentares. Segundo o último levantamento do Instituto Datafolha, realizado em dezembro, apenas 19% da população aprova o trabalho dos deputados e senadores.

O deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB) – que disputa a presidência como candidato avulso – propõe um rodízio de entrevistas com todos os parlamentares, e a divulgação dos trabalhos em suas bases e nas comissões. Michel Temer (PMDB-SP), candidato oficial do PMDB e considerado favorito na disputa até agora, também defende a divulgação por meio da TV Câmara do trabalho dos parlamentares nos estados. Ciro Nogueira (PP-PI), candidato do baixo clero, propõe criar o programa Dia do Deputado para divulgar a rotina dos parlamentares na emissora legislativa.

Na opinião do professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) Octaciano Nogueira, as iniciativas não vão conseguir mudar os índices de reprovação da Câmara. "A audiência da emissora é muito baixa, atinge um número pequeno da população. Os deputados só vão conseguir melhorar sua imagem se mudarem de atitude. Mas as propostas não têm uma linha de algo que interesse ao cidadão. Não falam, por exemplo, em aumentar os dias de votação em plenário", comenta o professor.

A construção de um novo anexo para a Casa é outro projeto que aparece na proposta de mais de um candidato. Serraglio é um dos que defendem a ideia, que, segundo ele, não traria custos adicionais ao Orçamento federal. "Temos dinheiro da venda da folha do pagamento dos servidores para realizar essa obra, que é essencial", diz. Temer também apresenta o projeto, mas não coloca a construção do novo prédio como certa.

Outra proposta em comum entres os candidatos é a execução impositiva das emendas parlamentares individuais. Nesse caso, o projeto aparece nas promessas de Ciro Nogueira e Serraglio. Para os dois parlamentares, isso não significaria bater de frente com o Executivo – que é quem libera o dinheiro. "Não haveria briga nenhuma. No ano passado todas as emendas individuais foram liberadas", afirma Ciro.

Maioria x minoria

A maior diferença entre as propostas dos candidatos é o destaque que cada um dá aos deputados ou aos partidos. "Temer foca mais nos partidos, na representação partidária. Já o candidato Ciro Nogueira apresenta propostas que tendem a atender mais os deputados. Serraglio tem uma proposta intermediária", avalia Tomio.

Essa diferença de enfoque tem relação com o posicionamento de cada um dos parlamentares dentro da Casa. Temer e Ciro Nogueira ocupam extremos na Câmara. Enquanto o primeiro faz parte da cúpula da Casa e é líder da maior bancada da Câmara, Ciro Nogueira compõe o chamado baixo clero, os deputados que não ganham tanto destaque na mídia e nos trabalhos da Câmara.

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