Em um ano em que se envolveu em várias polêmicas, brigou com antigos aliados e sofreu derrotas na Justiça, o governador Roberto Requião termina o ano de 2009 em alta justamente por ter sido lançado como pré-candidato do PMDB à Presidência da República. Esse fato lhe tem garantido visibilidade nacional.
Mas, no Paraná, o governador colheu alguns resultados negativos. A Justiça Federal, por exemplo, aplicou a Requião multas no valor de R$ 850 mil por uso indevido da Rádio Televisão Paraná Educativa (RTVE). Desde janeiro de 2008, Requião está proibido pelo Tribunal Federal da 4.ª Região, com sede em Porto Alegre, de usar a programação da emissora para criticar adversários políticos e a imprensa e para fazer autopromoção.
O pedido das multas foi feito à Justiça pelo Ministério Público Federal, que considerou estar ocorrendo desvio de função no uso da emissora, que deveria atender a fins públicos e não a objetivos particulares do governante. Embora tenha sido multado em R$ 850 mil, Requião está recorrendo, por considerar que foi censurado pela Justiça.
Além dessas multas, o Ministério Público Federal deve entrar com mais um pedido para punir Requião devido às acusações do governador, no fim de novembro, contra o ex-presidente da Copel Paulo Pimentel (antigo aliado, que comandou a estatal durante o governo Requião). O governador acusa Pimentel de ter provocado um rombo de R$ 36 milhões na Fundação Copel, o fundo de previdência dos funcionários da empresa. Pimentel nega ter praticado quaisquer atos que tenham acarretado prejuízo à entidade.
Polêmicas
O governador também se envolveu em polêmicas, como a de relacionar a ocorrência de câncer de mama em homens à homossexualidade. Foi criticado nacionalmente por médicos e pelo movimento gay.
Outro fato que chamou a atenção da imprensa nacional foi a queda de Requião do palanque no qual estava, em Paiçandu, Norte do estado, durante um comício em que realizava a entrega de 69 ônibus escolares para 29 municípios. Requião quebrou o pé no acidente, que aconteceu em novembro.
A entrega de ônibus escolares pelo governador, aliás, foi também tema de tema de uma reportagem do programa humorístico CQC, da Rede Bandeirantes de Televisão, em julho deste ano.
O material produzido irritou o governador, que criticou a emissora, dizendo que foi uma utilização "sem vergonha" de um meio de comunicação. Ele ainda se referiu à Bandeirantes como "televisãozinha furreca e coisa de canalhas".
O CQC acusou o governo de demorar para entregar os ônibus escolares a fim de fazer propaganda política durante a entrega. Por algum tempo, em frente ao Palácio Iguaçu dezenas de ônibus escolares podiam ser vistos à espera de serem entregues a prefeituras do interior. A justificativa de Requião para a demora na entrega dos veículos é de que eles precisavam ser licenciados pelo Detran.
Pedágio
Requião também não conseguiu neste ano cumprir a promessa da campanha de 2002 de que acabaria ou abaixaria as tarifas do pedágio. No início de dezembro, as concessionárias de rodovias obtiveram mais uma vez o reajuste de tarifas na Justiça.
Entre as disputas judiciais de cunho político do governo, o procurador-geral do estado, Carlos Marés, considera que o Paraná teve como vitória importante neste ano a decisão da Justiça de anular a prorrogação do contrato das contas dos funcionários do estado com o Itaú. Após assumir o governo em 2003, editou um decreto que anulava a prorrogação do contrato por cinco anos, que havia sido estabelecida em 2002, no governo Lerner. "Tivemos neste ano uma decisão que anulou a prorrogação das contas, confirmando o decreto."



