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Lava jato

Cartel de empreiteiras atuou em refinaria do PR, diz Costa

Cartel que operou na Repar teria atuado em outras áreas | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Cartel que operou na Repar teria atuado em outras áreas (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

Em depoimento à Justiça Federal do Paraná na última quarta-feira, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que as empreiteiras que prestavam serviços para a estatal formaram um cartel para impedir a entrada de novos concorrentes e que, por isso, pagavam propinas de 3% dos contratos com a Petrobras a partidos da base governista (PT, PP e PMDB). Segundo ele, o cartel funcionou inclusive em obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. O cartel, segundo Costa, também operava em outros empreendimentos públicos do país.

"A cartelização funcionava na Petrobras e fora da Petrobras", disse Costa no depoimento do processo resultante da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. "Funcionou, por exemplo, na Repar, em Angra dos Reis e nas hidrelétricas do Norte do país." O ex-diretor destacou que as empresas que atuam em contratos da Petrobras são as mesmas que atuam em obras de ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, hidrelétricas, saneamento e habitação.

Segundo ele, as empreiteiras pagavam propina nas obras da Petrobras porque temiam represálias. Ou seja, ficar sem receber contratos em outras obras de outros ministérios ou estatais. "Se as empresas não pagassem as propinas na Petrobras, os partidos políticos não iriam ver isso com bons olhos", disse Costa. Ele não informou, porém, se as empresas pagaram propina em contratos de outras áreas. Frisou apenas que o cartel funcionava nas outras áreas.

Costa disse que tentou, sem sucesso, ampliar o número de empresas a serviço da Petrobras. "A Petrobras até tentou quebrar esse cartel. Mas, como eu já disse, o número de grandes empresas é de um grupo muito pequeno. Eu até tentei colocar empresas de menor porte nas obras, mas fui tachado de doido, de que eu iria quebrar a cara, porque algumas empresas não iriam dar conta."

Costa disse ainda que as grandes empreiteiras sabiam que o dinheiro da propina na Petrobras poderia servir para financiar campanhas políticas em 2010. Ele ainda afirmou que nunca alguma empresa do cartel se recusou a pagar propina. Procurado, o Palácio do Planalto informou que não comentaria o assunto.

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