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O senador Renato Casagrande (PSB-ES) - que no espaço de um dia foi convidado e desconvidado para o cargo de relator do caso Renan Calheiros (PMDB-AL) pelo novo presidente do Conselho de Ética - voltou a denunciar nesta sexta-feira a existência de "forças poderosas" que estariam engessando os trabalhos e a investigação. Casagrande também cobrou explicações do novo presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal por corrupção e é investigado pelo Ministério Público por sonegação fiscal. Senadores de diversos partidos, inclusive da base do governo, também pressionam por esclarecimentos.

O fato de o senador do PSB ter dito que quer fazer "um trabalho sério", sem rito sumário e com a conclusão da perícia da Polícia Federal teria irritado aliados de Renan, que ficaram com medo de Casagrande "fugir do controle". Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista e de usar documentos irregulares para comprovar que usou recursos próprios.

- O Renan tem de entender que o conselho tem de investigar a fundo. Ele não tem outra saída. Se isso continuar desse jeito, ele pode até não ser punido politicamente aqui, mas vai ser punido lá fora, pela sociedade. Ele vai ficar marcado por isso - alertou Casagrande.

Depois de desfazer o convite a Casagrande, Quintanilha recuou e disse que precisava de mais tempo para conversar com a consultoria jurídica do Senado antes de fazer a indicação, que ficou para terça-feira. O senador do PSB adiantou que não aceita o cargo se o parecer encomendado por Quintanilha restringir ou proibir que a Polícia Federal aprofunde a perícia nos documentos de defesa.

Parado no Conselho de Ética há mais de uma semana, o caso Renan vai para o terceiro relator. Os senadores Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Wellington Salgado (PMDB-MG) renunciaram ao posto. Além dos dois relatores, a presidência também mudou. Antes, quem comandava o Conselho era o senador Sibá Machado (PT-AC), que também renunciou.

Só produziu renúncias

- Estamos há um mês e dez dias sem conseguir dar uma resposta à sociedade sobre essas denúncias contra o presidente do Senado. Até agora o Conselho só produziu renúncias - disse.

Ele disse que o epsódio da indefinição da relatoria criou mais um dia de instabilidade e adiou o reinício dos trabalhos. Acrescentou que a consulta jurídica não é argumento que inviabilize a designação do relator.

Senador diz que não sabe mais se será relator

Casagrande disse que "não sabe mais se será relator", diante do "ziguezague" do presidente do Conselho de Ética.

- Não sei se sou relator mais. Ontem (quinta-feira) foi um ziguezague muito grande do presidente (do conselho). Não tenho clareza naquilo que o presidente vai fazer com relação ao relator - afirmou o senador em entrevista à Rádio Nacional.

Casagrande defendeu nesta sexta-feira uma reformulação do Conselho de Ética. Segundo ele, é necessário firmeza para evitar "interferências externas" na condução dos trabalhos.

- Tenho conversado com senadores e dito que precisamos fazer uma reformulação no Conselho de Ética. Ou o Leomar Quintanilha ou outro presidente que tenha firmeza na condução para evitar a interferência externa e colocar o conselho para funcionar - afirmou.

Para o senador, a paralisação do trabalho do Conselho prejudica a imagem do Senado.

- Isso tem deixado o Senado numa posição de total de descrença junto à população. O Conselho de Ética, que é a fotografia do Senado, não tem conseguindo investigar esse caso. Isso dá uma demonstração de desorganização - enfatizou Casagrande.

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