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A Vara de Execuções Criminais de Mauá decretou a prisão temporária do ajudante geral Juraci Magalhães de Souza, de 43 anos. Ele confessou ter agredido a chutes sua filha adotiva, de 1 ano e 11 meses. A criança morreu no sábado por complicações decorrentes de um traumatismo craniano. A menina tinha hematomas, marcas de mordida e arranhões por todo o corpo, segundo boletins médicos. Juraci foi indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar), lesão corporal e maus-tratos, na Delegacia de Defesa da Mulher de Mauá e encaminhado para a Cadeia Pública de Santo André.

A juíza Maria Lucinda da Costa, responsável pelo processo de adoção das duas meninas, considera que a Justiça não errou ao conceder a guarda delas a Juraci e Maria Aparecida. Ela acusou a mãe adotiva de omissão.

- Se alguma falha houve, foi na omissão pela mãe. Ela poderia ter falado comigo a qualquer momento, não precisava marcar audiência - disse a juíza.

Maria Lucinda contou que o casal foi considerado apto para a adoção em 2003, quando ela ainda não cuidava da 3ª Vara de Mauá. Desde o ano 2000 o casal vinha tentando entrar na lista de possíveis pais adotivos. De acordo com a juíza, o casal foi entrevistado por um juiz, um promotor, psicólogos e assistentes sociais no começo do pedido e novamente antes de conseguir entrar na fila da adoção.

A juíza contou que entrevistou várias vezes o casal depois que assumiu o caso. E que, depois de conseguir a guarda, a mãe 'falava que o marido tratava muito bem as filhas, que chamava as duas de princesa'.

Ao entrar em contato com a denúncia das agressões às duas irmãs e da morte da menina mais nova — que a mãe dizia terem sido causadas por um tombo, no caso da maior, e em uma briga entre as duas crianças —, a juíza determinou que exames residuais fossem feitos nas garotas e na mãe. Por conta das marcas de mordida na criança morta, exames de arcada dentária foram feitos na mãe e na irmã sobrevivente.

Agora, Maria Lucinda solicitou também exames na arcada dentária de Juraci, para aferir se, além de bater na criança, ele ainda a mordeu.

A juíza disse que o casal não tinha antecedentes criminais e que 'os dois disseram que estavam felizes pela companhia das meninas'.

Nesta quarta, a dona-de-casa Maria Aparecida Magalhães de Souza, 49, mulher do detido, resolveu contar à polícia que o marido tinha espancado a menina, a chutes, no início da tarde do dia 18. Na segunda, 19, a menina foi internada e morreu 5 dias depois. A irmã dela, de 3 anos, também tinha hematomas parecidos e foi encaminhada a um abrigo.

Maria Aparecida contou que a caçula estava sentada no chão da cozinha, comendo sobre uma toalha, quando Juraci ficou bravo porque ela demorava para terminar a refeição. A dona-de-casa afirmou que o marido tomou o prato das mãos da criança, pôs sobre a pia, e chutou a menina na testa.

Com o impacto, a cabeça dela bateu contra o chão. Ainda segundo sua mulher, não satisfeito, Souza puxou a filha adotiva pelos cabelos e a jogou contra a parede, fazendo com que a menina batesse a cabeça outra vez. De acordo com Maria Aparecida, logo depois, Juraci deu outro chute no tórax da menina, e ela bateu com a cabeça na parede pela terceira vez. À polícia, Juraci teria dito que apenas deu um chute nas nádegas da criança.

Maria Aparecida contou que, chorando e muito atordoada, a criança pegou seu penico e foi sentar-se ao lado da irmã de 3 anos.

- Não percebi que ela tinha se machucado tanto. Ela ficou atrás de mim, me chamando, como sempre - disse.

Por volta das 13h do dia seguinte, depois do almoço, a menina teria voltado a tombar para a frente, batendo novamente a cabeça no chão, depois de ser colocada no penico.

- Achei que ela não estava bem e fui dar um banho para levá-la no médico.

Durante o banho, a menina teria caido mais uma vez, batendo de novo a testa no chão.

A dona-de-casa disse que não relatou as agressões à polícia antes 'por medo' de Juraci, de 'ele falar que acabei com a vida dele'. Maria Aparecida contou que nunca apanhou do marido, mas que ele sempre foi agressivo.

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