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Uma grande paixão, proibida de ser vivida, foi o que motivou o casal de namorados Clara Graham, de 14 anos, e Robson Celestino, de 17, a fugir da casa dos pais no dia 6 de junho. Depois de oito dias passando por casa de amigos e hotéis, eles foram encontrados na noite de quinta-feira (14) na casa de um ex-colega de trabalho de Robson, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. O jovem diz que, por um lado, se arrepende da aventura. "Arrisquei a vida de Clara. Tenho consciência disso." Mas garante: "Ela é a mulher da minha vida. Por ela eu faço tudo."

Segundo o pai do jovem, Francisco Assis, o ex-colega, que é portador de deficiência física, entrou em contato com a mãe de Robson e contou que os jovens estavam em sua casa. "Quando eles chegaram lá, disseram que estavam procurando um lugar para morar, para alugar ou para comprar, e foi aí que ele percebeu que tinha alguma coisa errada e entrou em contato com a mãe de Robson", explicou o pai.

Francisco conta, ainda, que os jovens fugiram para Bangu depois que viram as reportagens sobre o assunto. "Eles ficaram assustados quando viram as fotos deles nos jornais e tentaram fugir para mais longe."

"Graças a Deus, a angústia acabou"

A mãe de Robson, a recepcionista Suzana Celestino de Souza, diz que o ex-colega é uma pessoa muito boa e cuidadosa. "Ele teve aquela preocupação não só com os pais, mas com o bem estar deles, porque eles estavam muito assustados." Segundo Suzana, o ex-colega não avisou aos jovens que os pais tinham sido chamados para evitar que eles fugissem de novo. "Se eles soubessem que estávamos indo, eles iriam fugir. Eles têm muito medo de ficar separados."

Suzana diz que ainda não teve tempo de conversar com os pais de Clara. "Estamos muito cansados. Foi uma semana de preocupação, sem saber o que tinha acontecido com eles." Aliviada, ela comemora: "Graças a Deus, a angústia acabou. Agora é tentar botar juízo na cabeça deles." A mãe afirma que nunca imaginou que o filho poderia fugir de casa. "Às vezes, ele falava em sair de casa, quando eu reclamava que ele estava chegando tarde. Coisa que adolescente fala. Mas nunca imaginei que ele fosse ter coragem de fazer essa coisa e muito menos levando uma garota de 14 anos."

Casal sofreu tentativa de assalto

Robson conta que para se sustentar, eles venderam alguns objetos de valor (celular, câmera e laptop) que levaram. A fuga, no entanto, teve seu lado ruim. Eles quase foram assaltados na quarta-feira (13) no Centro da cidade. "Uns caras tentaram levar o dinheiro da gente. Tínhamos levado umas facas para a proteção da gente mesmo. A gente reagiu e eles também. Mas eles tiveram medo e resolveram deixar para lá e foram embora."

O rapaz explica que a oposição dos pais de Clara ao namoro foi o que motivou a fuga. "Eles não me aceitavam e eu achava estranho que eles não conversavam comigo sobre isso. Se eles tinham alguma coisa contra, deveriam falar para mim e não ficar falando só entre eles."

Apesar da proibição, o namoro completou seis meses no último dia 4. Robson sabe que a fuga não foi a melhor maneira de resolver a situação, mas acredita que não tinha outro jeito. Ele conta que a idéia foi sua e que Clara apenas aceitou. "No dia 7 de maio fomos proibidos de manter qualquer tipo de contato. Desde lá, não podíamos mais nos ver."

O jovem diz que tinha planos de deixar o Brasil, mas percebeu que isso seria muito complicado. "Desistimos de ir para outro país. Queríamos ir para outro estado, mas acabamos ficando na casa de amigos. Não conseguimos dinheiro para fugir para outro lugar."

Mesmo sendo procurados, o casal conseguiu passar o dia dos namorados junto. "Clara me falou que esse foi o melhor dia dos namorados dela, porque ela nunca tinha passado com ninguém. Ela disse que sempre passava sozinha, triste e deprimida. Esse foi o primeiro ano que consegui passar a data com a minha namorada", falou o jovem.

Seja como for, Robson diz que está disposto a fazer o que for necessário para poder namorar Clara. "Se há alguma coisa que eu possa mudar para os pais da Clara me aceitarem, vou mudar com certeza", diz esperançoso.

Na 15ª DP (Gávea), onde a ocorrência foi registrada, a delegada titular Márcia Julião informou que não houve crime. Segundo ela, o que aconteceu foi uma fuga de dois jovens que foram impedidos de se encontrar. "Eles são menores. O registro feito foi de desaparecimento. Em momento algum os pais falaram em rapto", explicou.

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