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O deputado Marcelo Almeida cuida da roupa: parlamentar mora sozinho e tem poucos móveis na residência | Wenderson Araújo/Gazeta do Povo
O deputado Marcelo Almeida cuida da roupa: parlamentar mora sozinho e tem poucos móveis na residência| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

Imóveis sofrem com a falta de manutenção

A falta de manutenção dos imóveis também faz diminuir o interesse dos parlamentares pelos apartamentos funcionais. Para os que moram nessas residências, não faltam histórias de pequenos acidentes domésticos. "Já me pelei algumas vezes enquanto tomava banho porque o sistema de gás está com defeito e o chuveiro soltou um jato de água fervendo", conta o senador Osmar Dias (PDT-PR).

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  • O senador Osmar Dias toma café da manhã: parlamentar só recebeu a visita da família duas vezes, quando tomou posse no Senado

Brasília - Um dos principais atrativos dos imóveis funcionais no passado, o tamanho dos apartamentos da Câ­­­mara e do Senado disponíveis para os parlamentares em Brasília não condiz com o cotidiano dos parlamentares atualmente. Com a facilidade de transporte, os deputados e senadores ficam cada vez menos em Brasília. A maioria, chega a ca­­­pital na terça-feira no início da ma­­­nhã e volta para os estados de origem na quinta-feira, no fim do dia. As famílias também não se mudam mais com os parlamentares.

Os imóveis têm de 200 a 236 metros quadrados. Foram construídos entre as décadas de 60 e 70, em uma época em que as famílias eram mais numerosas e que viajar de avião era muito mais complicado e caro do que hoje. Além disso, foram feitos não só para para abrigar, mas também para atrair os congressistas que se mudavam para a nova capital junto com a família. "Esse conjunto de quadras e prédios para abrigar deputados e senadores é um fenômeno de Brasília. O presidente Juscelino (Kubitschek) tinha de atrair essas pessoas e suas famílias para a nova capital. No começo, tudo aqui era chapa-branca, não existia nada privado", conta o professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB).

"Quando meu pai foi parlamentar, a família veio morar em Brasília e nossa quadra estava toda ocupada. Hoje é diferente, o tamanho do imóvel é desproporcional para a situação atual", lembra o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), filho do ex-deputado federal Maurício Fruet, que exerceu mandato em Brasília entre as décadas de 70 e 80.

"Pela facilidade de locomoção de hoje, os deputados podem voltar para seus estados toda semana e não trazem mais a família para morar em Brasília", analisa Fruet, que mesmo considerando o apartamento muito maior que o necessário, optou pelo funcional e mora em um prédio na quadra 202 da Asa Norte.

Dos senadores paranaenses, apenas Osmar Dias (PDT) mora em um apartamento funcional atualmente. "Optei porque começou a haver muita crítica em relação ao auxílio-moradia. Também porque sai muito caro manter um apartamento funcional vazio. Cada apartamento fechado é um auxílio-moradia que está sendo pago. Fiz o correto quando fui morar no funcional", afirma o senador, que também considera o imóvel maior do que o necessário para seu cotidiano em Brasília.

Ele mora sozinho no imóvel localizado na quadra 309 da Asa Sul. Em 15 anos de mandato, só recebeu a visita da família em Brasília por duas vezes. "Nas duas posses", diz. O senador usa o escritório do apartamento como espaço para falar com as rádios do Paraná, mas esse é um dos poucos momentos em que o imóvel se tranforma em local de trabalho. Ormar conta que não costuma usar o apartamento como espaço para promover encontros políticos. "Algumas vezes faço um café da manhã para alguns ministros, outros parlamentares", diz.

O deputado federal Marcelo Almeida (PMDB) é outro dos representantes do Paraná no Congresso que convive com a "imensidão" do apartamento funcional. Os quatro filhos do deputado foram ao apartamento apenas uma vez. Os poucos móveis na casa deixa ainda mais evidente como a residência é ampla.

Só a sala tem cerca de 50 metros quadrados – maior do que a maioria das casas populares construídas atualmente pelo governo federal. Além disso, são três quartos, uma suíte, um escritório, dois banheiros, um lavabo, cozinha e área de serviço amplas. "Esse é um padrão de apartamento que não se faz mais", comenta o deputado. Mar­­­celo Almeida é contrário a ideia da divisão dos imóveis para estancar os gastos com auxílio-moradia. A proposta foi apresentada pela 4.ª Secretaria como uma opção para solucionar o déficit de apartamentos funcionais para os parlamentares.

"Eu não vi o projeto, mas não imagino como eles dividiriam esses apartamentos", diz. "Mas acho que deveria acabar com isso. Todos deveriam morar em apartamentos, sem verba", avalia.

O senador Osmar Dias defende que seja estabelecida apenas uma regra para a questão da moradia dos parlamentares. "Deve haver uma regra única. Se tem o funcional, não deve ter auxílio-moradia", diz.

Para o senador Alvaro Dias, que mora em um hotel em Brasília, mas abriu mão do auxílio-moradia no início deste ano, os apartamentos deveriam ser todos vendidos. "A manutenção acaba saindo mais cara que o auxílio", afirma o tucano.

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