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Atuação

Romário discursou 11 vezes e Tiririca, nenhuma

Em termos de assiduidade, Acelino Popó foi, no grupo, o mais ausente nas sessões plenárias, mas ainda assim manteve 77,4% de frequên­cia — melhor do que muitos políticos experientes e tradicionais. E Popó "deu mole", como dizem os colegas, ao se ausentar de uma sessão solene que ele próprio pedira para realizar, em homenagem à luta marcial Krav Magá.

Tiririca não faltou a nenhuma sessão deliberativa, contabilizando 100% de presença. É seguido de perto por Romário, que teve 94,4% de presença. A diferença de atuação em plenário das duas mais famosas celebridades desta legislatura, no entanto, é grande. Enquanto o deputado Tiririca não usou, sequer uma vez, os microfones do plenário, Romário falou 11 vezes, entre discursos da tribuna e intervenções, superando até o experiente Stepan Nercessian. "Quando sentir que está legal, falo. O microfone não é bicho de sete cabeças para mim e plateia boa também. Vou falar para o povo que votou em mim, que acredita em mim. Quando? Vamos ver. Faltam mais três anos. Minha mãe já pediu, minha esposa já pediu, mas não é o momento. Não tenho o que falar. É cedo", justifica Tiririca.

Agência o Globo

Eles não fizeram feio. Os deputados-celebridades chegaram ao Con­­gresso, no início de 2011, sob desconfiança quanto à capacidade política, mas terminam o primeiro ano de mandato aprovados. Al­­guns até tiveram atuação destacada como parlamentar, missão difícil em um universo de 513 deputados. No geral, foram assíduos nas sessões plenárias e de comissões, usaram a fama para influenciar nas áreas de atuação e optaram pela discrição em situações que exigiam conhecimentos específicos. E os poucos escorregões por práticas antigas condenáveis não chegaram a comprometer a atuação dos novos políticos.

A avaliação, constatada pelo monitoramento da atuação desse grupo de deputados, é compartilhada pelo diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, que acompanha o dia a dia do Parla­­men­­to há décadas. "A novidade é que as celebridades não foram, no primeiro momento, a decepção que todos esperavam. Foram hu­­mildes e aceitaram aconselhamento para evitar exposição negativa; buscaram focar em áreas, evitando a exposição folclórica."

Queiroz destaca o trabalho de parlamentar do ex-BBB Jean Wyl­­lys (PSOL-RJ) na comunidade LGBT e na cultura; e a atuação do deputado Romário (PSB-RJ) na defesa dos direitos dos portadores de deficiência e também no esporte.

"Romário foi uma surpresa positiva. Em duas áreas se destacou bem. Duas áreas com relação direta com a vida pessoal, sobretudo no segundo semestre, quando se posicionou sobre a Lei Geral da Copa. Foi disciplinado, quando todos esperavam o contrário", disse Queiroz, em alusão à fama do jogador de não seguir todas as regras da concentração no futebol.

Sobre o ex-BBB, afirmou: "Jean Wyllys é articulado e, a despeito de ser de oposição, é um deputado propositivo." Sobre Tiririca (PR-SP), o diretor do Diap, benevolente, contabiliza como saldo ele não ter se exposto de modo negativo. "Ele tem as limitações dele e evitou se expor ao ridículo. Presidiu uma co­­missão sobre o circo e está avaliando o Congresso. Vai dizer aos eleitores o que o Congresso faz [como prometera na campanha], e sua opinião importa para os muitos que votaram nele por afinidade."

O ator Stepan Nercessian (PPS-RJ), no primeiro mandato de deputado federal, vive o ambiente da política desde estudante e já foi vereador duas vezes. Para Queiroz, é o que menos atua como celebridade, pois é o mais discreto . Já o jogador Danrley (PSD-RS) e o boxeador Acelino Popó (PRB-BA) não se destacaram ainda, nem positiva nem negativamente.

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