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Os presídios no interior do estado de São Paulo são os 'cérebros' dos ataques do crime organizado no estado. Depois da desativação do complexo do Carandiru, em 2002, os presídios espalhados por pequenas e médias cidades do Interior se transformaram em barris de pólvora, os chamados 'carandirus caipiras', de onde líderes de organizações continuam comandando a ação de criminosos de dentro das celas. Em todo o estado, 125.783 presos (quase metade da população carcerária do país) se dividem em 144 unidades prisionais.Dentro deles, em resposta ao que consideram a má aplicação da Lei de Execuções Penais, chefes de quadrilha articulam megarrebeliões em grandes complexos penitenciários, como os de Araraquara, Itirapina, Valparaíso, Mirandópolis, Presidente Bernardes e Presidente Venceslau. Em todas essas unidades, a tensão continua mesmo depois da última rebelião, há cerca de um mês.

Moradores dessas cidades e principalmente agentes penitenciários-alvos nos últimos dias dos atentados em São Paulo-- mudaram suas rotinas. Em alguns casos, os funcionários das penitenciárias transferiram a família para a casa de parentes em cidades próximas. Em frente aos presídios, faixas de luto mostram a indignação em relação à forma como o governo vem conduzindo a política de segurança pública em todo o estado.

- O governo nos abandonou à própria sorte. Não temos condição de trabalho. Enquanto tiver advogado, familiares e até funcionários corruptos, nossas vidas estarão em risco - diz Luiz Ribeiro, um dos diretores do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sinfuspesp) em Presidente Venceslau.

Perto das cadeias, o medo também é comum. Para evitar a migração de familiares de presos para as cidades onde foram construídas prisões, a associação de moradores está tentando impedir a criação de pousadas e ainda pedindo para que os próprios moradores se recusem a alugar imóveis para quem não é da cidade.

- Se pudesse, não deixaria esse povo (familiares de presos) sequer entrar aqui - diz o dono de uma pequena padaria em Mirandópolis, cidade no noroeste do estado, onde hoje estão presos 2.800 homens.

Enquanto do lado de fora os moradores tentam se proteger da escalada da violência, os presos dessas unidades criaram lei paralela ao regime imposto pela direção penitenciária. O uso do aparelho celular virou rotina desde que as operadoras de telefonia tiveram de retomar o sinal nas torres de transmissão instaladas naquela região. Da cadeia, presos conversam com familiares. Em Araraquara, de dentro de um bar administrado pela tia de um detento, as mães falavam com os filhos enquanto esperavam na última terça-feira a permissão para entregar material de higiene, roupas e comida.

A situação da penitenciária de Araraquara, segundo agentes, lembra os constantes motins do Carandiru, que ao ser desativado concentrava 8 mil presos. De lá para cá, o governo criou no estado quase 34 mil vagas, mas o número de presos nesse período chega a 50 mil.

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