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"Boa sorte pra nós e ninguém pousa lá"

Uma gravação obtida com exclusividade pela reportagem da Gazeta do Povo mostra que o temor dos pilotos em relação ao aeroporto de Congonhas é generalizado, e intensificou-se com o acidente com o Airbus da TAM. O diálogo foi travado no ar na região de Curitiba, pouco depois do desastre, e antecipava a idéia do boicote dos comandantes ao campo paulista – uma estratégia que só seria colocada em prática na tarde de sexta-feira, quando pelo menos 17 aviões deixaram de aterrissar no local por decisão da tripulação

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A situação está complicada no Aeroporto de Congonhas nesta segunda-feira. A TAM suspendeu o check-in até meio dia, por conta da chuva que caiu em São Paulo. Os pilotos da Gol também não estão pousando no aeroporto e as aeronaves seguem para Guarulhos. Das 76 partidas programadas para Congonhas entre 6h e 10h, 12 foram canceladas e sete estão com atraso superior a uma hora. O aeroporto, segundo a Infraero, ainda sofre com os problemas do Cindacta 4, em Manaus.

Pilotos das duas companhias aéreas firmaram um acordo e decidiram que não vão pousar no aeroporto em dias de chuva, enquanto a pista principal não receber o 'grooving', que são pequenas ranhuras destinadas a drenar a água. Por volta das 6h35m desta segunda, quando começou uma chuva forte e rápida em Congonhas, um avião da TAM arremeteu antes de pousar na pista.

Neste domingo, a TAM divulgou nota informando que orientou seus pilotos a não pousarem em dia de chuva. Segundo a companhia, as operações ficariam normais apenas na pista auxiliar.

A pista principal de Congonhas foi reaberta em 29 de junho depois de 45 dias de reforma, mas a previsão era de que o grooving só estivesse pronto em setembro.

Na terça-feira passada, a pista de Congonhas estava molhada durante o pouso do Airbus 320 da TAM, que não parou dentro do aeroporto e explodiu no prédio da TAM Express, com 187 pessoas a bordo. Ela havia ficado fechada por 23 minutos e reabriu uma hora e 20 minutos antes do pouso do vôo 3054.

De acordo com meteorologistas, há previsão de chuva durante toda a semana e isso deve adiar ainda mais a reabertura da pista principal, fechada desde o acidente com o Airbus 320 da TAM e que deveria voltar a operar nesta terça-feira. De acordo com meteorologistas, o tempo ficará instável até o início de agosto .

O presidente da Infraero chegou a dizer neste domingo que a pista principal reabriria de qualquer maneira nesta segunda, mas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) condicionou a retomada das operações à pista seca e redução de peso das aeronaves. Para ficar mais leves, os aviões têm de reduzir bagagem e passageiros. Isso poderá causar overbooking (venda de bilhetes acima da capacidade do avião) em Congonhas, principal aeroporto do país.

Como as passagens já foram vendidas e os aviões terão que pousar e decolar de Congonhas com o peso reduzido - em média em 20%, dependendo do tipo da aeronave - muitos passageiros deverão ser transferidos para outros vôos e aeroportos.

O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), Jorge Kersul Filho, havia defendido na quinta-feira, em entrevista à imprensa, que a pista principal só fosse usada seca ou, no máximo, úmida.

O Airbus da TAM pousou na pista molhada de Congonhas com o reversor da turbina direita desligado .

A TAM e a Aeronáutica divulgaram notas afirmando que o reversor não é necessário para o pouso, mas um documento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) orienta os pilotos a usarem o reversor para aterrissar em pistas molhadas.

Um dia antes da tragédia com o Airbus da TAM, um turboélice da Pantanal derrapou na pista e, por sorte, parou na lama. A derrapagem foi registrada como incidente, sob alegação de que o avião não tinha sido danificado e não foram registradas vítimas. Depois da explosão do vôo 3054, o incidente foi reclassificado como acidente . As autoridades argumentaram que o dano ao avião não foi observado por conta da lama.

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