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Num tempo em que o termo "fashion week" ainda nem era popular no Brasil, a grife Clodovil Hernandes era a paixão de um seleto grupo de mulheres abastadas. Ao lado do colega Denner Pamplona de Abreu, o estilista formou nos anos 60, 70 e começo dos 80 a dupla de luxo da alta-costura nacional. Clodovil morreu nesta terça-feira de um AVC hemorrágico

"É incontestável a importância do Clodovil para a moda brasileira, foi um dos precursores", explica Sandra Harabagi, professora de Estilo do curso de Moda da Faap. "Infelizmente seu trabalho como estilista é pouco reconhecido em relação às atuações na TV e na política. Talvez porque na época não houvesse uma identidade de moda por aqui".

Do ateliê de Clodovil, localizado na Rua Oscar Freire, área nobre de São Paulo, saíam somente vestidos para serem usados em festas, casamentos e outros eventos da alta sociedade. A maioria deles exclusivos.

"Eram modelos que enalteciam a feminilidade, valorizando detalhes de acabamento em bordados e usando tecidos nobres como tafetá de seda", conta Sandra. "Os desfiles eram feitos na própria ‘maison’, com a presença de um grupo pequeno de mulheres com destaque na mídia e na high society."

Apesar de o foco ser na alta-costura, Clodovil também lançou coleções de prêt-à-porter, usando tecidos como crepe, malha e lã. "Todo país pode ter uma alta-costura, desde que haja uma elite", defendia o estilista.

O "Clodovil fashion" era polêmico como o apresentador de TV e o político. "Existia uma guerra de egos exaltada entre Clodovil e Denner", relembra a professora. "Denner acabava tendo mais espaço na imprensa e isso incomodava."

A carreira de estilista foi perdendo força ao longo dos anos e no início da década de 90 já não fazia mais criações. Abria exceção em seus programas femininos de TV, quando a pedido das telespectadoras desenhava croquis de alguns modelos.

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