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Piau é co-autor do texto, e assim não poderia relatá-lo | José Cruz-/ABr
Piau é co-autor do texto, e assim não poderia relatá-lo| Foto: José Cruz-/ABr

Negociação

Líderes reúnem-se com ministros para discutir proposta

Agência Estado

Os líderes da base aliadas, entre eles o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), favorável às modificações propostas por Paulo Piau (PMDB-MG), vão se reunir hoje, às 10 h, com os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para discutir o assunto.

A votação do Código Florestal está prevista para ocorrer à tarde, em sessão extraordinária. O governo e o PT não concordam com o relatório apresentado por Piau. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), voltou a afirmar ontem que o relatório de Piau é um "retrocesso" e que a presidente Dilma Rousseff poderá vetar a proposta, caso ela seja aprovada na Câmara.

"Nosso limite é o relatório aprovado no Senado", afirmou Tatto. O relatório de Piau conta com o apoio da bancada ruralista e da maioria dos partidos da base aliada e, portanto, tem chances de ser aprovado no plenário da Câmara. Na votação do Código Florestal na Câmara no ano passado, o governo foi derrotado com o apoio dos aliados.

PV quer anular texto, destituir relator e adiar votação

Folhapress

O deputado Sarney Filho (PV-MA) pediu ontem a nulidade do relatório do Código Florestal apresentado pelo deputado Paulo Piau (PMDB-MG), assim como o afastamento do parlamentar da relatoria. Sarney Filho argumenta que, pelo regimento interno da Câmara, um deputado não pode ser relator de um projeto do qual foi um de seus autores.

Segundo Sarney Filho, um projeto de autoria de Piau foi anexado ao texto principal do Código Florestal elaborado em 2009 pela Câmara. Embora formalmente o autor do projeto seja o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que é deputado licenciado, Sarney Filho disse que Piau também é um de seus autores.

Por esse motivo, ele estaria impedido de relatar a matéria agora. "Até mesmo para que não se abra uma grave precedente, flagrantemente antirregimental e ilegal, pedimos para que se declare nulidade dos atos praticados pelo relator e que seja designado novo relator que atenda aos requisitos formais para a execução do trabalho", afirmou o deputado.

Sarney Filho disse que vai recorrer à Justiça para anular o relatório do Piau se a Câmara não atender o seu pedido. "Havendo por parte da Mesa [comando da Casa] uma resposta negativa a essa questão de ordem, nós, do Partido Verde, vamos entrar na Justiça."

O deputado afirmou que seu questionamento não tem como objetivo focar a pessoa de Piau, mas garantir o "total respeito aos princípios jurídicos que regem a atividade de formulação das leis no país".

Na prática, a intervenção do deputado é uma tentativa de reverter o relatório de Piau, apresentado na semana passada.

Sob a mesma polêmica que gerou a primeira derrota legislativa da gestão Dilma Rousseff, em maio de 2011, a Câmara dos Deputados deve começar hoje a última etapa da votação do novo Código Florestal. Ruralistas e governo brigam novamente a respeito das normas de recuperação dos terrenos degradados em Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens de rios. Pelo atual relatório do deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG) que será levado ao plenário, a definição dessas regras caberá a uma regulamentação posterior.

O parlamentar mineiro retirou todos os dispositivos que tratavam das APPs de margens de rio da última versão do texto, aprovada pelo Senado em dezembro do ano passado (veja detalhes no infográfico). A ideia é que as normas para essas áreas sejam estabelecidas por meio de Programas de Regularização Ambientais (PRAs). As diretrizes gerais do PRAs, segundo Piau, seriam determinadas pelo governo federal, mas as especificidades caberiam aos governos estaduais.

Na primeira votação do código no plenário da Câmara, em maio do ano passado, a bancada ruralista manobrou para retirar do Executivo federal o direito de definir por decreto quais APPs de rios já desmatadas não precisariam ser recompostas. Essa alteração ao texto original foi sugerida pelo PMDB e gerou um conflito direto com Dilma, que ameaçou vetá-la. Depois, um acordo no Senado estabeleceu regras mais claras sobre o tema.

Ao apresentar o relatório na última quinta-feira, Piau admitiu que a nova proposta contraria o governo. "O governo continua na mesma posição de dizer que seu projeto é o aprovado no Senado", disse o deputado. Pelo regimento do Congresso, ele não pode fazer alterações no texto dos senadores, apenas suprimir trechos.

Ligado aos ruralistas, o deputado federal Reinhold Stephanes (PSD-PR) discorda da estratégia utilizada por Piau. "Houve uma radicalização da proposta, que não vai ser tolerada pelo governo. É infantil a ideia de simplesmente derrotar a Dilma, já que ela tem o poder de veto", diz o paranaense, que não acredita que o Congresso tenha condições de derrubar o veto da presidente posteriormente.

Stephanes afirma não acreditar que o projeto será votado nesta semana sem a construção de um acordo com os governistas. Já o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), declarou ontem que os partidos da base não vão trabalhar para obstruir a proposta.

Protestos

Enquanto isso, as legendas ligadas aos ambientalistas, como o PV, não aceitam votar o relatório de Piau. "A primeira briga será não deixar a votação sair. Estamos estudando uma forma de protesto, inclusive abandonar a sessão", diz a deputada paranaense Rosane Ferreira (PV). Segundo ela, a retirada de todos os dispositivos sobre as APPs em margens de rios é um "absurdo", que depois só poderá ser corrigido por um veto de Dilma. "O problema é que nós não estamos seguros de que esse veto vai sair. Há um clima de um acordo geral pairando no ar."

Ao todo, Piau fez 21 modificações no texto do Senado. Além das margens de rios, outro ponto importante foi a supressão do texto da definição das APPs em cidades, que estipulava que as áreas de expansão urbana deveriam prever 20 metros quadrados de vegetação por habitante. Segundo o deputado mineiro, isso aumentaria o custo dos terrenos urbanos.

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