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Beto Richa é um homem de sorte. As coisas lhe acontecem exatamente do modo como ele precisa que aconteçam, mesmo que no momento anterior isso parecesse impossível. É um fato que deve ser analisado não só por cientistas políticos, mas também por astrólogos e outros interessados em ciências ocultas.

Veja o caso das contas do governo. Em outubro de 2014, quando Beto disputava a reeleição, precisava que as contas estivessem em dia, a ponto de poder prometer que o melhor estava por vir. E elas estavam! Seu programa eleitoral na tevê é a maior prova disso: tudo pronto para um futuro brilhante, sem sombra de dúvidas.

Um mês depois da reeleição, ele já não precisava das finanças tão em ordem, e elas realmente desabaram. Por sorte, Richa já estava com mais quatro anos assegurados no cargo e tinha como pedir que os deputados aprovassem aumento de ICMS, de IPVA e tirar 11% do que os aposentados recebiam – tudo para o cofre do estado.

Agora, fenômeno semelhante volta a ocorrer. Quando Luciano Ducci, aliado, era prefeito, Beto teve milhões para o subsídio do transporte público – principalmente à beira da eleição. Quando Gustavo Fruet, desafeto, assumiu o cargo, não só o dinheiro sumiu (embora as contas ainda estivessem em ordem, aparentemente), como o subsídio deixou de fazer sentido.

Na época, apareceu um estudo – de metodologia bastante contestável – provando por A mais B, bem quando Richa precisava - que a região metropolitana se bancava e que o prejuízo estava nas linhas que operam dentro de Curitiba. Ao contrário de tudo que se sabia, de tudo que se poderia intuir por mero bom senso, o problema financeiro estava nas linhas lotadas de Curitiba. Faltou pedir que a prefeitura desse subsídio para o governo.

Agora, assim que um aliado se elegeu para a prefeitura, o subsídio passou a fazer sentido e, pasmem, voltou a haver dinheiro para isso. Até porque o governador disse que o subsídio já estava sendo repassado para as linhas metropolitanas (aquelas que, quando foi necessário, estavam equilibradas) e agora não custa fazer o repasse para Curitiba (aquele que, na hora certa, não foi necessário).

Beto Richa tornou célebre, involuntariamente, um bordão seu, criado para responder a tudo que havia de ruim em seu governo. Sempre dizia que “foi pego de surpresa”. Mas Beto não é apenas surpreendido. Continua surpreendendo a todos, com sua espantosa sorte e com as viradas de posicionamento.

Vejam um caso de mudança súbita de posição. Até o dia anterior à eleição municipal, o governador descartava totalmente a ideia de usar a polícia para retirar os estudantes das ocupações nas escolas. Comportou-se como um gentleman. Assim que passou a votação e Greca foi eleito, o discurso mudou. Richa passou a cogitar a desocupação à força e sua polícia cercou prédios públicos, cortando água, luz e comida dos ocupantes.

Richa em vários momentos disse que um bom político deve ser previsível. Ele sempre foi. Mesmo em suas mudanças súbitas de postura (geralmente ligadas a datas do calendário eleitoral) e em sua inacabável sorte para que os números sejam exatamente aqueles de que ele necessita. Que culpa ele tem? Sorte dele. Azar dos outros.

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