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Sempre se diz que um dos grandes problemas da política é que nossos partidos são frágeis. Não só fracos no sentido de que não conseguem grandes coisas sozinhos (o que os levaria às alianças aberrantes, que pouco fazem sentido). Mas também frágeis no sentido ideológico. Hoje, excetuando alguns poucos nanicos de esquerda, como PSol, PCO e PSTU, não é possível encontrar um partido com um projeto nacional claro.

Quer ver um jeito fácil de perceber o engodo que cada partido representa no Brasil atual? Basta pegar o nome de batismo da legenda e analisar se, minimamente, ele representa as lutas do grupo em questão. Vejamos:

PT: começamos pelos donos do poder no momento. Partido dos Tra­­­­balhadores. Será? O nome tem relação direta com o nascimento do grupo. Foi das fábricas que saiu Lula. Foi do sindicalismo que vieram grandes nomes do PT. Mas, e hoje? O partido continua tendo bas­­­­­tante apoio popular. Mas, no governo, abriu mão de algumas bandeiras históricas em nome da "governabilidade". Ou do caixa. A explicação va­­­ria.

PSDB: o nome fazia prever uma mudança na discussão política nacional. O Partido da Social De­­­­mocracia Brasileira era uma possibilidade de debater por aqui a forma de governo que transformou os países nórdicos nos melhores lugares do mundo para se viver. Lá, o governo mistura a liberdade individual típica do capitalismo com impostos pesados e fornecimento de serviços "socializados". Mas, tanto no governo quanto na oposição, o PSDB preferiu fazer exatamente o contrário. Aderiu ao "Estado mínimo", combateu o au­­mento da carga tributária, privatizou e enfraqueceu o próprio Executivo, essencial para fazer a social democracia funcionar.

Democratas: além de dizer muito pouco sobre o programa ideológico do grupo (defender a democracia é uma ótima coisa, mas não chega a ser um plano de governo), o nome novo do PFL parece ser mais uma declaração um pedido de desculpas. O PFL, ou DEM, nasceu do PDS. Nasceu da Arena. Nasceu da ditadura. Nomear o partido em homenagem à democracia é uma piada ou um disfarce.

PMDB: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro é o exemplo mais acabado da falta de um programa claro. Nem os próprios correligionários se entendem. O governador Requião costuma designar o próprio partido como uma "federação de interesses". A única coisa clara no nome, curiosamente, é o apelo democrático. Fazia sentido quando se tratava do partido de oposição à ditadura. Mas hoje a legenda não faz oposição aos militares. Aliás, não faz oposição a nada, nunca. Essa, aliás, é a sua marca. Seu único gosto, quase unânime, é o de permanecer perto do governo de plantão.

Esses são os quatro maiores partidos do país. Mas nos menores o problema se reproduz. PV? Há alguns verdes, como Gabeira e Marina. Mas o partido aceita de tudo (basta ver a situação no Paraná). PSB? Pode ser socialista o partido de Lerner? PP? Não tem nenhuma diferença clara para o Democratas.

A bagunça partidária certamente não é a origem de todos os nossos males. Mas certamente é um espelho de nossos defeitos: falta de ideologia clara, troca de programa por alianças que resultem em poder, vontade maior de chegar ao governo do que de governar. Só uma reforma resolveria isso. O problema é que uma possível reforma dependeria da vontade desses partidos. Alguém acha que isso vai acontecer?

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