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Em administração de empresas usa-se muito um conceito chamado "pay-back". É a expressão inglesa que designa o tempo necessário para que o investidor recupere o capital colocado em um novo negócio. Em grandes obras, o pay-back é medido em anos. Investimentos que se pagam em 12 ou 18 meses são raros – e muito bons. Dito isto, voltemos à política.

O Brasil tem como lei o financiamento privado de campanha. As empresas decidem quanto dinheiro dão a cada candidato. Nas eleições do ano passado, por exemplo, milhões de reais circularam pelos comitês eleitorais. Só a campanha de Roberto Requião custou R$ 12,9 milhões. Obviamente, as empresas que deram essa grana não podem esperar nada em retorno. É dinheiro a fundo perdido.

Mas vamos fingir que se tratasse de um investimento. Os números mostram que se trataria de dinheiro muitíssimo bem aplicado. Mais rentável que qualquer fundo e com um pay-back de deixar empresários salivando. Nove das maiores doadoras de campanha de Requião, segundo dados do site Gestão do Dinheiro Público, já receberam do governo mais dinheiro do que puseram na eleição. Todas têm contratos legais, com respaldo de licitação ou das leis do país, diga-se. E tiveram custos para fornecer os produtos que venderam. Mas se fôssemos pensar como administradores isso seria equivalente a um retorno de capital em apenas sete meses!

Há alguns casos em que o investimento teria retornado com bônus. Exemplo: a maior doadora da campanha foi a Cequipel. Aquela que vendeu milhares de tevês alaranjadas ao governo. E que também vendeu móveis, muitos móveis, nesse início de segundo mandato. Pois bem. A Cequipel deu R$ 645 mil para a campanha. E já recebeu desde janeiro R$ 5,6 milhões. Não é um resultado nada mau.

A American Banknote, segunda maior doadora, deu R$ 500 mil na campanha. E recebeu 21 vezes esse valor. São R$ 10,6 milhões. A H Print ofereceu R$ 100 mil ao comitê. E arrecadou R$ 8,4 milhões.

O que dizer? Apenas uma coisa. É pena que não estejamos falando de investimentos, e sim de política.

Cansados

Os empresários milionários cansados de tudo são realmente um caso à parte. Estão com o queijo e o dinheiro na mão para fazer o que quiserem. Propor, construir, doar ou qualquer outra coisa. São eles que elegem quem querem e – muitas vezes – quem corrompem os políticos eleitos. Agora, e curiosamente só agora, perceberam que há muita coisa errada com o Brasil. Lógico: nenhum dos problemas tem qualquer relação com eles. O fato é que cansaram. E querem que alguém faça alguma coisa sobre isso. Que eles, como sempre, não pretendem fazer.

Segregados

A prefeitura de Curitiba e a Cúria Metropolitana vão inaugurar em breve um restaurante popular na Praça Rui Barbosa. Refeições a R$ 1, com subsídio do governo federal. O público inclui os mais pobres da cidade, embora não estabeleça limite de renda. Ao menos em teoria, qualquer um pode comer lá. Reza a lenda que algum gaiato queria estabelecer a seguinte regra: um horário de almoço para os usuários de albergue; outro para os demais freqüentadores, de renda mais alta. Por fim, prevaleceu o bom senso. Até porque já havia gente no Mercado Central, onde ficará o restaurante, falando em chamar defensores dos direitos humanos.

Férias

Esta singela coluna completa nesta semana um ano de existência. Ao contrário de muitos políticos citados aqui nesse período, o Caixa Zero respeita as leis do país. Inclusive as trabalhistas. Por isso, o titular do espaço sai de férias por um mês. Aos que vêm acompanhando os textos pacientemente, inclusive aos que mandaram imerecidos elogios, fica o agradecimento. E a promessa de trabalhar dobrado a partir de setembro, na volta do descanso.

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"Nós não herdamos a terra dos nossos antepassados. Emprestamos dos nossos filhos."

Provérbio dos índios norte-americanos.

rgalindo@gazetadopovo.com.br

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