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Foi reaberto na semana passada um dos mais importantes palácios da realeza britânica. Usado por monarcas (incluindo a princesa Diana) desde o século 17, o Palácio de Kensington passou por uma ampla reforma para que o príncipe William possa ir viver lá com Kate Middleton. Os gastos para a transformação do palácio não foram modestos: uma estátua deformada por bombardeios da Segunda Guerra foi consertada; o imóvel passou a ter novos jardins; reformaram-se os aposentos do rei e da rainha; construiu-se toda uma nova entrada.

Além disso, os visitantes (o príncipe só ocupará uma ala, e só quando estiver em Londres) ganharam novos espaços, como cafés e um terraço. A reforma saiu por nada menos do que 12 milhões de libras esterlinas. Coisa de R$ 38 milhões. Além de manter o patrimônio cultural do país e de dar mais conforto à família real, a obra também ajudará a aumentar as visitas ao palácio e trará dinheiro aos cofres públicos: uma exposição sobre a rainha Vitória, com direito a participação de estrelas da moda, como Vivienne Westwood, está incluída no pacote e já começou a atrair gente.

Apesar dessas vantagens, a reforma certamente poderia ser usada como mais um argumento para aqueles que pensam que a manutenção da família real é cara demais. Em torno de 20% dos britânicos acham que a monarquia deveria ser substituída, e o custo de sua vida luxuosa é um dos principais motivos para os questionamentos. Desde que o império britânico ruiu, na primeira metade do século 20, economizar passou a ser uma preocupação por lá. Por isso mesmo, a realeza passou o pires e fez com que a iniciativa privada bancasse os trabalhos.

Por aqui, não temos monarquia. Mas não quer dizer que gastemos menos com palácios e luxos do gênero. Não deixa de ser curioso saber que a reforma do Palácio Iguaçu custou quase o mesmo valor da obra de Kensington: foram R$ 32 milhões durante cinco anos de trabalho (a reforma de Kensington foi feita em dois anos). Aqui, não haverá visitantes nem novas receitas. Apenas consertou-se o que estava muito caído (culpa, inclusive, dos governantes que não fizeram o que deviam durante os 50 anos desde que Bento Munhoz da Rocha entregou a sede do governo).

Não bastasse a gastança, a reforma do Iguaçu mais parecia novela de Dias Gomes: durou três governos. Foi inaugurada duas vezes e não só a obra não ficava pronta nunca como a cada dia descobria-se que seria mais cara. Moeram-se à toa vidros da fachada que estavam em bom estado de conservação. Ninguém sabe dizer onde foi parar a cozinha do Palácio. E, no atual governo, ainda gastaram-se mais R$ 9 milhões para completar o que, supostamente, a gestão anterior teria terminado.

E ainda há mais um detalhe a ser lembrado. Aqui, não foram empresários interessados em contribuir para a conservação do patrimônio que bancaram a obra. Fomos nós mesmos. Mas tudo bem. Já se comemorou por aí o fato de nossa economia ter ultrapassado a dos britânicos em tamanho (ignorando o fato de termos três vezes mais bocas para alimentar). Deve haver mesmo dinheiro sobrando para fazer do Iguaçu o nosso Kensington. Pena que a Vivienne Westwood não tenha vindo para a inauguração. Nem a Kate Middleton.

Colaborou: Katia Brembatti.

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