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Sempre que ouve falar de parceria público-privada o contribuinte brasileiro deve sacar o talão de cheques. Usualmente, a conta não fica barata. O parceiro privado alegará que está à beira de ter prejuízo e, para evitar que tudo se perca, o parceiro público – ou seja, você – terá de enfiar a mão periodicamente no bolso para inteirar o racha. E, se tudo der errado e o negócio não for lucrativo, ainda haverá decerto uma cláusula contratual dizendo que o BNDES ou algum outro salvador da pátria salvará a contabilidade do empresário.

Como toda regra, essa está aberta a exceções. Mas as exceções, havendo, parecem para lá de raras. Em Curitiba, o Sr. Mário Celso Petraglia está escrevendo todo um novo capítulo sobre como aumentar o prejuízo do distinto público diante de uma obra desnecessária. Quando Ricardo Teixeira anunciou a Copa no Brasil, disse que não se investiria um centavo público nela. Alguém deve ter acreditado... A obra em Curitiba mostra o tamanho do buraco em que nos enfiamos.

A cada piscar de olhos, Petraglia aparece em público dizendo que o preço aumentou. Tudo começou em R$ 90 milhões. O orçamento da semana passada já batia em R$ 184 milhões. Mas Petraglia diz que isso não é suficiente e agora jogou o preço para R$ 265 milhões. Um aumento de 44% que o presidente do Atlético diz ter relação com o aumento de custos. Pela inflação, não há como justificar o aumento. Trata-se de um caso claro de contabilidade criativa.

Petraglia diz que mesmo assim trata-se de uma pechincha, e que está fazendo a obra por meros R$ 6 mil por assento. Brincalhão, o atleticano comparou o preço com o da obra do Maracanã, dizendo que em ambos os casos trata-se de reformas. Quem viu uma foto que seja do Maracanã durante as obras, praticamente posto ao chão, sabe que há uma ligeira diferença entre as duas coisas.

A pechincha de Petraglia equivale a novas escolas públicas para muita gente. Só os R$ 30 milhões que ele colocou acima da inflação poderiam pagar a construção, por exemplo, de 16,3 mil vagas em escolas municipais. É o preço que a prefeitura pagou para erguer uma escola no bairro São Miguel, no ano passado. Foram R$ 1,8 mil por aluno. Menos de um terço do preço "por assento" que Petraglia está anunciando para a sua Arena.

Petraglia está claramente fazendo uma aposta. Ele sabe que a cidade já investiu muito dinheiro na obra – tanto do governo do estado quanto da prefeitura – e que agora não faria sentido ficar sem o estádio para a Copa do Mundo. Estaria o empresário pensando que pode cobrar o que quiser agora para terminar o que começou?

Resta agora ver se Gustavo Fruet e Beto Richa saberão lidar com o caso. Terão prestado atenção aos milhares que disseram nas ruas querer mais educação e menos estádios? Richa já viu o seu secretário da Copa dizer em alto e bom som que o Atlético poderia dar um calote nos cofres públicos que todos ficariam bem com isso. Como resposta, o governador manteve Mario Celso Cunha no cargo até hoje. Significa? Basta ler o jornal nos próximos dias e descobriremos.

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