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Amanhã. Amanhã é o dia. Depois, fica muito mais difícil se queixar: candidatos eleitos não costumam dar bola para eleitores. Só vão se preocupar em prestar algum tipo de conta, mesmo assim de maneira relutante, quando precisarem de você novamente, para ir ao próximo cargo. Portanto, reclamar de alguém, depois de amanhã, não se sabe se dará em alguma coisa.

Mas amanhã, não. É um dia diferente. É o dia em que eu, você e os outros como nós mandamos, de verdade, neste país. Podemos dizer sim ou não; continua ou vai embora; parabéns ou suma daqui. Ninguém tem como mandar em você amanhã. E se todos nós formos inteligentes, vai ganhar quem merece. Caso contrário...

Mas o que me impressiona é que muita gente não se importa com a data de amanhã. Não se emociona, não se arrepia, não entende... É muito esquisito. Todo mundo é super cuidadoso com sua casa, com seu dinheiro, com suas coisas. Na hora de escolher um pedacinho de sabão, pesquisa, compara, vai atrás. Mas na hora de decidir quem vai governar a sua rua, arrecadar e gastar seu dinheiro, não está nem aí.

Vota-se na propaganda. Vota-se no mais bonito, ou na mais bonita. Vota-se por um presentinho. Vota-se no vereador "porque ele é bom para o bairro", como se papel de vereador fosse ser bom para um bairro, e não para a cidade.

Disse certo o cientista político Roberto Romano, em uma entrevista no mês passado ao portal G1. Veja lá: "A dona de casa não compra o sabão em pó só pela propaganda. A propaganda a leva a comprar, mas se o sabão não presta, se mancha a roupa, ela não compra mais. Assim, a propaganda deve chamar a atenção para o candidato, para o programa, mas o que a propaganda faz, na maior parte do tempo, é embelezar o produto. Portanto, é preciso testar a qualidade do produto. É preciso procurar o Inmetro da política".

Amanhã é o dia. Nós seremos o Inmetro. Seremos os fiscais. Decidiremos nosso futuro. E podemos escolher. Podemos votar em quem faz falcatruas ou em quem é limpo. Ou podemos usar a desculpa, para lá de duvidosa, de que todos são iguais. Ou somos nós que não nos esforçamos para ver as diferenças?

Podemos tirar do poder todos aqueles que nos irritaram nos últimos anos. Todos aqueles que apareceram no noticiário acusados de pegar nosso dinheiro para eles – ou para outros fins ilícitos. E podemos premiar quem faz tudo certo: e, acredite, essa gente existe e está aí também, basta saber escolher.

Amanhã, meu amigo, é seu dia. Você vai dizer. O que a gente disser, está dito. Depois a gente pode até se queixar. Mas a hora de fazer a diferença está aí.

E você, já sabe o que fazer? Seja o que for, torço para que todos nós façamos a coisa certa. Um erro, nessas horas, custa caro demais. Boa sorte.

Amigo oculto

Pois é. Os dois primeiros colocados na eleição de Curitiba, Beto Richa e Gleisi Hoffmann, preferiram proteger seus amigos do que ser claros com a população. Brincaram de amigo oculto – e não revelaram, até agora, quem é que está financiado suas campanhas, caríssimas, aliás, como sempre, ao Palácio 29 de Março. É uma pena. Perderam uma boa chance de fazer a coisa certa. E começaram mal, para quem promete fazer política de uma maneira transparente. Afinal, conforme demonstrou matéria da repórter Bruna Maestri Walter, nesta Gazeta, depois da eleição muitas vezes os doadores ganham contratos. Veremos.

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