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"Se voto mudasse alguma coisa, já tinha sido proibido há muito tempo."

Autor desconhecido.

A Praça Santos Andrade tem dois dos mais importantes símbolos de Curitiba: a Universidade Federal do Paraná e o Teatro Guaíra. Em certo sentido, o político que emprestou o nome ao lugar também é um símbolo. Joaquim Pereira dos Santos Andrade governou o estado no fim do século 19. Pegou uma época de vacas magras. Os funcionários não recebiam os salários em dia, não havia dinheiro em caixa. Diante disso, o governador – que na época era intitulado presidente – abriu mão de receber sua remuneração. Durante quatro anos. Conta-se que só seus herdeiros, bem mais tarde, viram a cor do dinheiro.

A remuneração para os ocupantes de cargos públicos sempre existiu. E é justa. Foi criada na Grécia antiga, por Péricles. O espírito era dar a chance aos menos afortunados de participar do governo. Sem a perspectiva de um salário, eles não poderiam abrir mão do seu ganha-pão para concorrer a coisa alguma.

Hoje, os políticos se acostumaram a ganhar bem. O governador do Paraná, como se noticiou, recebe R$ 24 mil por mês. Deputados federais ganham R$ 12 mil. Estaduais, R$ 9,5 mil. Prefeitos, senadores, vereadores de grandes cidades também recebem remunerações consideráveis. E quase nenhum deles é de origem pobre. Ninguém precisa da perspectiva do salário para poder concorrer ao mandato. O atual governador do Paraná, Roberto Requião, declarou ao TSE que tem R$ 1,5 milhão em bens pessoais. Dos deputados federais paranaenses, mais da metade também tem mais de R$ 1 milhão declarados. São, portanto, literalmente milionários.

Todos têm direito ao que recebem, até mesmo pela responsabilidade dos cargos e pelo empenho que eles exigem. Ninguém exige que abram mão do que tem direito. Mesmo porque se alguém fizesse isso, a reposta viria seca e rápida: usariam a velha desculpa de que isso é demagogia. Mas é de se imaginar se algum de nossos milionários políticos aceitaria abrir mão da grana. Afinal, eles todos dizem que estão lá para o bem do povo. Ou será que é demagogia?

A imagem

Uma pequena rampa de madeira serve como símbolo da gestão pública brasileira. O Anexo do Palácio da Justiça, no Centro Cívico, em Curitiba, custou R$ 48 milhões. Está sob suspeita de superfaturamento. A UFPR faz neste momento uma investigação para apurar as denúncias assinadas por quatro desembargadores. Eles afirmam que o prédio poderia ter saído R$ 20 milhões mais barato. O Anexo foi construído para abrigar os gabinetes dos desembargadores. Em princípio, não teria nenhuma ligação com a sede principal da Justiça paranaense. No fim da obra, decidiram fazer uma ponte entre os dois. Como isso seria feito? A solução encontrada foi a rampinha de madeira, que liga hoje os dois prédios de mármore e granito.

Nas urnas

Depois de divulgar uma pesquisa que mostrou altos índices de tentativa de compra de voto no país, a ONG Transparência Brasil agora quer que a Justiça Eleitoral se mexa para tentar mapear o problema com maior precisão. A idéia, defendida pelo presidente da ONG, o jornalista Cláudio Weber Abramo, é que o Tribunal Superior Eleitoral use as próprias urnas eletrônicas para fazer uma pesquisa com os eleitores.

Quem fosse votar escolheria todos os candidatos e, ao final, poderia optar por responder a uma pergunta simples. "Alguém, durante a campanha eleitoral, ofereceu algum benefício em troca do seu voto?" Ou algo do gênero. O eleitor não precisa responder. Se responder, não precisa dizer se aceitou. É só para saber onde se tenta comprar mais votos no país, para aí sim fazer alguma coisa sobre o tema.

A Transparência Brasil acredita que campanhas genéricas do tipo "não venda seu voto" não funcionam. É preciso primeiro saber se são os mais jovens, os mais pobres ou os moradores do interior os mais assediados. E fazer uma campanha direcionada especificamente a eles.

Só para lembrar: o Paraná apareceu como campeão da tentativa de compra de voto na pesquisa do Ibope encomendada pela ONG. 22% disseram que foram procurados para vender o voto.

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