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Um em cada três paranaenses não viveu um dia sequer sem ser governado por Roberto Requião ou Jaime Lerner. A afirmação é baseada em dados do IBGE. Funciona assim: Requião e Lerner se revezam há exatos 17 anos no poder. No Censo de 2000, eram mais de 3,2 milhões os paranaenses que tinham 17 anos ou menos. Na época, isso dava um pouco mais do que um terço do total da população do estado. É de se supor que a porcentagem continue a mesma hoje. Logo, 33% de nossos habitantes não sabem o que é passar um único dia sobre a Terra sem ter um governador que murmure ou outro que esbraveje.

A conta pode parecer só uma curiosidade, mas tem muito a ver com os tais projetos de reeleição infinita que andam em voga por aí. Chávez está tentando implantar na Venezuela. Lula foi acusado – injustamente – de fazer o mesmo por aqui. No Brasil, o que aconteceu foi um mero fato burocrático. Um deputado foi desarquivar uma emenda contra a reeleição sem fim e junto desarquivou, por força de lei, todos os outros que tinham a ver com o assunto. No pacote, veio um projeto a favor da reeleição sem limites.

Mas o ponto é o seguinte. A experiência norte-americana já provou que a reeleição só não acontece em casos excepcionais – normalmente quando o presidente é horrível, como no caso de Bush pai. No século passado, dez dos 14 presidentes dos EUA que disputaram o segundo mandato se reelegeram. Até pilantras como Nixon conseguiram. Por aqui, a reeleição sem limites provavelmente levaria em pouco tempo à perpetuação de presidentes.

E pouco se falou sobre o tema durante a discussão do malfadado projeto, mas seria muito pior nos estados. Hoje, como acontece no Paraná, pequenos grupos dominam o poder e não soltam o osso nunca. O revezamento já é mínimo. Imaginem se não houvesse freio para isso. Nossos netos nasceriam e o governador ainda seria o mesmo do tempo de nossos avós.

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No banco do coisa-ruim

O governador Roberto Requião não se cansa de falar mal do Itaú. Dia desses, disse que era o "banco do capeta". Tudo por conta da dívida de títulos podres que o banco não pára de cobrar e que deixou o estado em maus lençóis, com uma multa milionária para quitar. Mas o que Requião não divulga é que ele também tem dinheiro lá. A prestação de contas levada à Justiça Eleitoral no ano passado mostra que o governador fez um razoável pezinho de meia no Itaú: uma poupança de R$ 168 mil. Será que ele já tirou de lá e transferiu tudo para o Banco do Brasil?

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Vigilantes

O governo do estado já pagou mais de R$ 25 mil neste ano à polêmica Centronic. A Copel gastou R$ 19 mil com serviços de vigilância da empresa. Sanepar, Mineropar e Cohapar também são freguesas. Aliás, estudo da Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores mostra que os governos – desde o federal até as prefeituras – são os principais clientes dessas empresas. Pagam R$ 4,5 bilhões do nosso dinheiro por segurança. Se nem os governos estão dispostos a contar só com a polícia, o que será de nós...

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Valeu o Esso

A ONG Contas Abertas acaba de ganhar o Prêmio Esso de Jornalismo – o mais cobiçado da profissão. O motivo? A função da ONG é fuçar em dados governamentais para descobrir pérolas como a seguinte, revelada nesta semana: 99% de toda a verba de fiscalização da aviação civil do país foi gasta com ... passagens aéreas e diárias de viagens. É isso aí.

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"A única revolução possível é dentro de nós."

Mahatma Gandhi, líder indiano.

rgalindo@gazetadopovo.com.br

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