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Pela primeira vez, as autoridades locais estão admitindo a possibilidade de colocar subsídio direto no sistema de transporte coletivo de Curitiba. Dinheiro de impostos injetado para evitar que o preço da tarifa suba demais. E o mais curioso: o dinheiro não sairia do caixa da prefeitura, e sim dos cofres do governo do estado.

A articulação está sendo feita entre o prefeito Luciano Ducci e seu padrinho político, o governador Beto Richa. A ideia seria colocar o subsídio nas linhas integradas metropolitanas, aquelas que carregam passageiros de Curitiba para as cidades vizinhas e vice-versa. São as linhas mais caras, que mais pressionam a tarifa técnica.

O plano original de Richa e Ducci, na verdade, era de abater o ICMS do diesel usado nos ônibus de Curitiba. Mas além de o resultado ser pequeno, haveria impedimentos burocráticos. Ducci diz que, a partir do momento em que viu a dificuldade legal, a dupla passou a pensar em outra solução. O governo recebe o ICMS, como sempre fez. Mas põe dinheiro vivo no sistema.

Se der certo, seria um alívio não apenas para a tarifa, mas também para a candidatura de Ducci à reeleição. Se Richa provou alguma coisa nas últimas duas eleições municipais é que o preço que o cidadão paga para andar de ônibus é fundamental para ter discurso de campanha. Em 2004, como vice, aproveitou uma interinidade para baixar a tarifa e se fazer politicamente. No mandato, manteve a passagem baixa, mesmo com o sistema no vermelho, e teve 77% dos votos para a reeleição.

Se a tarifa subisse demais, Ducci estaria em maus lençóis. A atual negociação entre patrões e funcionários do sistema põe em risco a campanha da dupla por mais um mandato na cidade. No total, os salários e benefícios são responsáveis por 42% da passagem paga pelos usuários. Ou seja: dos R$ 2,50 que o cidadão desembolsa para entrar no transporte, R$ 1,05 são para pagamento dos funcionários.

Ducci fica de mãos atadas na negociação. Para os patrões, na verdade, não faz muito sentido insistir demais em negar aumentos. O dinheiro, no fundo, não é deles. O que eles querem é pôr o sistema em funcionamento (que é o que lhes dá lucro). Para eles, o melhor é dar logo o aumento e informar a prefeitura que a conta subiu.

Quem fica com o prejuízo são os passageiros. E quem corre o risco de pagar pelo descontentamento da população é o prefeito. Nada bom em um ano em que seu emprego está dependendo da aprovação de pelo menos 50% da cidade.

Bispo do povo

Entrevistei mais de uma vez dom Ladislau Biernaski, que morreu nesta segunda-feira. Homem simples, trabalhador, dedicado sempre a ajudar quem precisava, não gostava de ficar parado. Quando não estava na igreja, tinha de estar lutando por alguma causa. Numa das vezes em que fui entrevistá-lo, passando antes pelo corredor da Cúria, vi que debaixo do retrato de cada um que passou por ali, havia uma homenagem: um era o "bispo da juventude"; outro, o "bispo do desenvolvimento". Na entrevista, perguntei a ele qual título gostaria de ter. Ficou vermelho, tímido, mas respondeu. "Dizem por aí que sou o ‘bispo do povo’, mas não sei..." Modéstia à parte, era a melhor definição que se podia dar a ele.

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