Esta coluna mostrou no domingo que as tropas de Beto Richa e Luciano Ducci já avançaram quilômetros sobre o campo do ex-deputado e pré-candidato a prefeito de Curitiba Gustavo Fruet. Do PSDB e PSB, passando pelo DEM e pelo PPS, quase todos os grandes partidos se alinharam ao propósito de reeleger Ducci e de asfixiar Fruet, que deixou de ser tucano partido no qual não se sentia seguro para viabilizar a candidatura por outra legenda e outra frente.
Foi um jogo arriscado. Embora conhecido nacionalmente por sua atuação na oposição ao governo do PT, restaram a Fruet exatamente as legendas que formam a base de Dilma Rousseff. É nesta fonte que ele busca água para beber a começar pela filiação, que deve sacramentar nos próximos dias, ao PDT, uma das siglas da base governista.
Há, portanto, uma contradição político-ideológica na opção que está abraçando. De que maneira esse fato vai influenciar a preferência pelo seu nome? A última pesquisa conhecida é do Ibope, realizada em maio passado. Nela, Gustavo Fruet aparecia 11 pontos (34% a 23%) à frente de Luciano Ducci. Uma (então já cogitada) mudança de lado afetaria seu desempenho eleitoral? perguntava a mesma pesquisa aos 1.800 entrevistados.
A resposta obtida foi de que não, não afetava tanto. Os eleitores mostraram que seu nome era mais forte que qualquer legenda: 77% deles afirmaram que não mudariam sua disposição de votar em Gustavo Fruet, ainda que, em última hipótese, precisasse se filiar até mesmo ao PT. Apenas 8% dos entrevistados disseram que, neste caso, mudariam seu voto.
Foi o resultado desta pesquisa que deu segurança a Gustavo para precipitar sua saída do PSDB e para sair em busca de outro abrigo. Foi animado também pelos contatos com altos dignitários petistas, dentre os quais o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. O raciocínio se completou com outro: a eventual perda de eleitores antipetistas seria compensada pelo voto dos simpatizantes do PT e pela azeitada máquina do poder central.
O PT tem planos para 2014 que, necessariamente, passam por 2012. Eleger no ano que vem o prefeito de Curitiba em oposição ao grupo de Beto Richa é fundamental para dar viabilidade à candidatura da senadora (e atual ministra da Casa Civil) Gleisi Hoffmann e à reeleição de Dilma Rousseff para a Presidência.
Sem candidatos fortes para enfrentar o esquema político de Richa, ficou evidente para a alta cúpula do PT que a melhor estratégia seria a de tomar emprestado o prestígio popular de Fruet projeto que se fortaleceu na semana passada quando da vinda a Curitiba do presidente nacional petista Rui Falcão. Embora procurando não desprestigiar os nomes próprios que mostram vontade de se lançar candidatos, Falcão deixou claro que a escolha final será determinada pela prioridade que o partido dá às eleições de 2014. O que significa que o PT pode optar pela aliança com Gustavo Fruet já no primeiro turno.
Logo, se a armada de Beto Richa/Luciano Ducci já foi colocada em campo, Gustavo não se sente só. Acredita que pode responder o fogo com artilharia pesada. A guerra está apenas começando.



