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Celso Nascimento

A caminho do campo

O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, mantém-se mudo quanto à sua eventual candidatura ao Senado, em 2014, na possível chapa liderada pela ministra Gleisi Hoffmann na disputa pelo governo estadual. Segundo ele, o mutismo obedece a uma regra do BB, que impede seus diretores de tratarem de política em público, embora se mantenha presidente do PDT paranaense.

Osmar nada falou, por exemplo, num momento crítico ocorrido há pouco mais de um mês, quando seu irmão, senador Alvaro Dias, consolidou sua posição de candidato à reeleição pelo PSDB. Os tucanos do Paraná teriam reconhecido que, estrategicamente, não seria produtivo manter a disposição de impedir a candidatura de Alvaro por dois motivos: a) porque o partido não tem candidato mais forte para pôr no seu lugar; e b) porque, ao lançá-lo, criaria dificuldades para a candidatura simultânea do irmão Osmar na disputa direta por uma única vaga.

O silêncio em público, porém, não significa que Osmar tenha decidido não enfrentar Alvaro em chapas opostas. Tanto que já trabalha em "dobradinha" com Gleisi em assuntos sensíveis na política paranaense. Coordenadora da formulação do Plano Safra 2013/2014, a ministra-chefe da Casa Civil diz ter trabalhado em conjunto com Osmar e com o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, para definir pontos que consideram importantes para facilitar a vida dos produtores rurais que precisam de crédito.

A presidente Dilma Rousseff lança hoje o novo Plano, prevendo recursos de R$ 136 bilhões (15% mais do que o liberado no ano passado) para financiar a safra. Teriam sido fruto de negociações de Osmar Dias, porém, os quesitos que mais tocam a sensibilidade do bolso dos agricultores: os juros vão variar entre 4,5% e 6% este ano, contra os 9,5% que vigoraram no Plano anterior. Seria também de Osmar a iniciativa de incluir R$ 25 bilhões para financiar a construção de armazéns.

Embora os critérios para a definição do Plano Safra sejam técnicos e econômicos, seus efeitos podem se estender para o campo político, beneficiando a ligação tradicional que Osmar Dias já mantém com o eleitorado rural e, de quebra, quebrando resistências contra o PT de Gleisi. A isso se complementa o suposto favoritismo que a ministra – segundo pesquisas recentes – desfrutaria em Curitiba e região metropolitana.

A aproximação de Gleisi com o meio rural não se limita à "dobradinha" com Osmar Dias. Tem tido também interlocução frequente com a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Katia Abreu, e não tem perdido oportunidade para desenvolver outras ações simpáticas ao eleitorado do interior. Uma das últimas foi sua decisão de suspender os estudos da Funai que pretendiam transformar em reservas indígenas áreas produtivas do Oeste do Paraná. Além, claro, de distribuir máquinas e equipamentos para prefeitos.

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