O horizonte começa a parecer mais iluminado para o governo do estado concluir a gestão com um volume, digamos, razoável de realizações. É que estão praticamente superadas as pendências que impediam o Paraná de conseguir autorização da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para contrair empréstimos junto a instituições nacionais e internacionais.
Diante disso, a perspectiva de o caixa ser abastecido com R$ 3,5 bilhões em financiamentos abre condições para o governo, enfim, mostrar serviço no que se refere principalmente a investimentos parcos demais nestes quase três primeiros anos da gestão.
Não se esqueça, também, que já está quase pronto o aparato legal elaborado em admirável sintonia entre o Executivo e o Judiciário para que os depósitos judiciais venham a ser sugados pelo caixa único a ser gerido pela Secretaria da Fazenda. Seriam, calcula-se, mais R$ 6,5 bilhões a que, teoricamente, o governo teria acesso caso a iniciativa de criação da superconta não esbarre numa ação de inconstitucionalidade, como pretende a OAB-PR.
Em depoimento na Assembleia, na última terça-feira, o secretário Luiz Carlos Hauly reconheceu as dificuldades financeiras do Paraná e não esqueceu de insinuar que a escassez de recursos e de obras pode comprometer o projeto reeleitoral a ser disputado no ano que vem.
A esperança de reverter o quadro se equilibra apenas sobre as duas novas fontes de abastecimento do cofre, já que, sendo impossível reduzir despesas ou aumentar receitas tributárias na mesma proporção, a tendência até o fim do ano é de se multiplicar em muito o déficit de R$ 100 milhões já constatado no primeiro quadrimestre deste ano.
Com baixas taxas de aprovação no interior e principalmente na região de Curitiba aqui concentrados mais de 30% do eleitorado estadual , o governo teme enfrentar com êxito os adversários que se apresentaram até agora para a disputa. À candidatura da ministra Gleisi Hoffmann, do PT, em "dobradinha" com a presidente Dilma Rousseff e com o apoio do prefeito Gustavo Fruet, pode se juntar o corrosivo discurso de outro virtual candidato, o senador Roberto Requião, se as alas cooptadas do PMDB não conseguirem abatê-lo antes.
O cenário é de decisão em segundo turno, que o governo tem consciência que lhe será mais favorável se conseguir reverter a sensação de inoperância. Como diria a música dinheiro na mão é vendaval , o discurso de campanha não precisaria ficar restrito a alguns feitos inegáveis, como a atração de investimentos privados, o crescimento do PIB estadual e a criação de empregos, todos acima da média nacional. Muito dinheiro em caixa e muitos canteiros de obras são os trunfos com que conta o atual grupo político que comanda o Paraná.
Lembrando que a campanha estará nas ruas em um ano, a pergunta é: dará tempo?



