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Olho vivo

PC$

A respeito de nota publicada neste espaço na última quinta-feira, sobre a emissão de uma fornada de títulos de potencial construtivo, uma nota oficial esclarece que a prefeitura de Curitiba não dispõe de uma ‘casa da moeda virtual’ e nem emite dinheiro. Ainda bem! Assessores da prefeitura não alcançaram o sentido figurado empregado pela coluna ao comentar a iniciativa municipal de transformar em dinheiro vivo a concessão de direitos para que investidores imobiliários construam áreas maiores em lugares onde as leis de zoneamento estabelecem limites menores.

Perigo 1

Periga o PMDB não poder lançar candidatos a prefeito e vereador em Curitiba na próxima eleição. O alerta é do militante peemedebista Milton Buabssi, que, como fundador do partido, é membro do diretório estadual. Buabssi é autor de uma representação que contesta a legalidade da convenção que elegeu o senador Roberto Requião presidente do diretório municipal de Curitiba.

Perigo 2

Quatro meses depois de impetrar a representação no próprio diretório, Buabssi não obteve resposta. Diante disso, dará o próximo passo: vai apelar ao diretório nacional do PMDB. E se nada conseguir, apelará para a Justiça Eleitoral. Se houver reconhecimento de que o processo eleitoral feriu os estatutos e se tal situação não for corrigida a tempo, o PMDB perderá a condição de lançar candidatos. Extraoficialmente, o partido já lançou o ex-deputado Rafael Greca para concorrer à prefeitura.

Como se sabe, os que hoje confabulam para eleger o prefeito de Curitiba em 2012 estão de olho, mesmo, é na eleição de 2014. Até o petit-pavê da XV de Novembro sabe disso. Basicamente, o grupo que trabalha para reeleger o prefeito Luciano Ducci no ano que vem planeja, na verdade, a reeleição do governador Beto Richa dois anos depois. Já os que se arregimentam em torno da candidatura de Gustavo Fruet só pensam em levar a senadora petista Gleisi Hoffmann para o Palácio.

Só os nomes de Beto e Gleisi não fazem uma eleição. Cada qual precisará ir atrás de aliados, formar suas respectivas chapas majoritárias, ter um vice bom de voto e, principalmente, um forte candidato à única cadeira de senador que estará em disputa. Pois eles também já estão pensando nesse porvir. Fazem simulações que, no momento, quase três anos antes do pleito, parecem-lhes razoáveis e realizáveis.

Assim, por exemplo, do lado da oposição, uma (ou até agora única) das simulações coloca Osmar Dias como candidato a senador na chapa de Gleisi Hoff­­­mann. Mesmo os adversários re­­­­conhecem que seria uma dobrada eleitoralmente muito forte, antevendo uma dura parada.

De que modo Beto organizaria a sua chapa para enfrentar Gleisi-Osmar lá em 2014? Segundo se comenta, já se fala muito disso nas suas hostes. Candidatos não faltam – a começar pelo atual senador do mesmo partido de Richa, Alvaro Dias. A criar-lhe dificuldades para obter o beneplácito de ser aceito pela legenda como candidato nato, o fato de se tratar de desafeto de Beto Richa e dos demais dirigentes estaduais do partido. Em tese e pelo gosto dos tucanos locais, portanto, Alvaro Dias seria "carta fora do baralho" na disputa do Senado.

Mas há outros potenciais candidatos. Há o deputado Valdir Rossoni, que ainda surfa na popularidade que lhe conferiu a faxina que promoveu na Assembleia desde que assumiu sua presidência. Além disso, é também tucano, vice-presidente estadual do partido. E não se deve esquecer de Flávio Arns, secretário da Educação, que, eleito senador pelo PT em 2002, já no fim do mandato filiou-se ao PSDB.

Nenhum desses dois últimos nomes, porém, seria capaz de contribuir tanto para a reeleição de Beto Richa quanto Osmar Dias contribuiria para a eleição de Gleisi Hoffmann. Diante disso, o que pensariam em fazer os estrategistas de Beto Richa? Simples: pensariam em dispensar os outros candidatos, rebobinar a fita, editar as partes incômodas e dar toda a força ao desafeto Alvaro Dias!

A ideia seria matar três coelhos com uma só cajadada: lançar Alvaro agrada a cúpula nacional do PSDB; fortalece a chapa de Richa e ainda, de lambuja, pode tirar da jogada o candidato a senador de Gleisi, o irmão Osmar Dias.

Lembram-se daquela aflição nas antevésperas da eleição de 2008, quando ambos queriam concorrer ao governo por partidos diferentes? Mas, como eram irmãos, diziam: se um sair, o outro não sai; não haverá briga em família, reafirmavam em público enquanto brigavam na cozinha.

Pois bem: Alvaro não deixará escapar a chance de se reeleger senador ainda que isso signifique reconciliar-se com Beto e, sobretudo, criar nova desavença com Os­­­­mar. Mas também não é de esperar que Osmar, desta vez, abdique da ideia de voltar ao Senado.

Se esta jogada que a turma de Beto Richa quer não der certo, pelo menos uma coisa conseguirá: fazer com que o distinto público assista de novo a uma briga familiar misturada à política.

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