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A Copel decidiu dispensar os parceiros privados e participar sozinha do leilão federal para a concessão do trecho Curitiba–Florianópolis das rodovias BRs 376 e 101. A decisão aconteceu nos dias finais dos estudos para a formalização da proposta, entregue ontem pela manhã na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O leilão, marcado para hoje, foi suspenso por liminar da Justiça baixada ontem.

O curioso é que os parceiros com os quais a Copel vinha negociando formaram um consórcio à parte e também teriam se inscrito para disputar o leilão – coisa, porém, que só poderá ser confirmada pela própria Bovespa, que até ontem mantinha sob sigilo a identificação dos participantes. Entretanto, credenciadas fontes da coluna informavam ontem à tarde que os ex-sócios da Copel – que constituíram o consórcio independente – seria formado pela paranaense Greca Asfaltos e pela catarinense Construtora Espaço Aberto, em sociedade com duas ou três outras empreiteiras de porte médio do estado, minoritárias no acordo.

A Greca Asfaltos é uma das mais importantes empresas nacionais de usinagem do chamado "asfalto ecológico" (misturado com borracha) e é fornecedora do produto para a maioria das empreiteiras rodoviárias do país. Já a Espaço Aberto – que teria sido atraída para o empreendimento com a Copel pelo lobista Maurício Xavier – tem fortes ligações com o PT e com a senadora catarinense Ideli Salvati, líder do partido no Senado. A empresa ficou nacionalmente conhecida ao figurar em negócios nebulosos investigados pela CPI dos Correios. As mesmas fontes da coluna asseguram que o consórcio teria fechado seu envelope com proposta melhor do que a da Copel e, se não estiver entre os desqualificados pela Bovespa, pode até vencer o certame. Tudo de acordo com os planos imaginados na última hora.

É o conto do bilhete premiado?

O governador Roberto Requião e o presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, acertaram os termos preliminares de um acordo pelo qual o estado transfere para o banco os títulos de Santa Catarina, Guarulhos e Osasco. Em compensação, o Paraná limpa sua ficha e se livra da multa por inadimplência, de R$ 5 milhões, que a Secretaria do Tesouro Nacional lhe aplica todos os meses.

Requião teria aplicado um golpe no Itaú? Seria uma espécie renovada do velho conto do bilhete premiado? A pergunta pode parecer muito cretina, mas é bem pertinente se levarmos em consideração que durante cinco anos o governador repetiu um argumento que lhe parecia definitivo, indesmentível e incontestável: os títulos eram nulos de pleno direito e, portanto, o Paraná não precisava pagá-los e nem ser punido pela União!

Foi com base nesse argumento – sempre revestido de ótimos fundamentos jurídicos preparados pela Procuradoria-Geral do Estado – que Requião recorreu à Justiça e até conseguiu a proeza de obter o apoio de toda a oposição para fazer com que o Senado baixasse resolução reconhecendo a improcedência da dívida.

O Senado nem chegou a discutir o projeto de resolução, pois seu relator, o senador rondonense Valdir Raupp, logo percebeu que o caminho do acordo seria melhor.Pois bem: Requião aceitou a idéia e dispôs-se a repassar os títulos para o banco Itaú – credor dos valores correspondentes desde quando comprou o Banestado, em outubro de 2000.

De duas, uma: ou, finalmente, o governador reconheceu que os títulos eram válidos, ou passou o conto do vigário no banqueiro Roberto Setúbal.

Como a segunda hipótese é improvável, resta a primeira. Nesse caso, foi Requião que se manteve enganado por tantos anos! Ele não é infalível.

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Olho vivo

Trem 1 – O Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), em conjunto com a Universidade Federal do Paraná, concluiu estudos visando à construção de uma ferrovia entre Curitiba e São Paulo, na extensão de 320 quilômetros. O projeto prevê uso misto – cargas e passageiros –, com trens de alta velocidade, capazes de fazer o percurso em 100 minutos.

Trem 2 – Os estudos foram coordenados pelo professor Jurimar Cavichiollo, com a participação de engenheiros ferroviários com grande experiência na área. O problema é o custo previsto: US$ 6 bilhões. Os estudos concluem, no entanto, que grandes corporações nacionais e estrangeiras teriam interesse em financiar o projeto.

Praia suja 1 – Está chegando uma nova temporada de verão. Para quem ouviu promessas de que em 2006 as praias do Paraná estariam livres dos coliformes fecais que as infestam, uma notícia: 2007 não trará mudanças. As obras de saneamento tocadas pela Sanepar – aquelas que a Pavibrás não terminou – continuam incompletas.

Praia suja 2 – Mais: como foram autorizadas ligações de casas com a rede de esgoto – principalmente entre Matinhos e Praia de Leste – sem que, antes, tenha sido concluída a estação de tratamento, o problema tende a ser muito maior, segundo alertam técnicos da própria Sanepar inconformados com a condução da obra.

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"A proposta resolve um problema que foi causado pelo próprio governo federal."

De Jozélia Broliani, procuradora-geral do estado, sobre o acordo firmado entre o governador Roberto Requião e o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, absolvendo o governo Lerner – antes acusado de ser o único responsável pela compra dos títulos de Santa Catarina, Osasco e Guarulhos.

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