• Carregando...

Olho vivo

Água dura...

Em sentido inverso do tradicional, concretizou-se, enfim, o ditado "água dura em pedra mole, tanto bate até que fura": os magistrados do Paraná vergaram as resistências do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Guilherme Luiz Gomes, e conseguiram que ele autorizasse o pagamento do auxílio-moradia. A partir de agora, os holerites dos desembargadores e juízes serão engordados em 15% sobre o valor dos subsídios. O acréscimo, para quem ganha R$ 26 mil por mês, será de quase R$ 4 mil mensais. Só não receberá o benefício o juiz que morar em residência oficial.

... em pedra mole

Uma particularidade importante: não se trata de aumento, mas de indenização pelos gastos com moradia. Em razão disso, sobre a parcela não será necessário pagar Imposto de Renda. O auxílio-moradia nasceu de um projeto enviado pelo Tribunal de Justiça à Assembleia, que o aprovou, e foi transformado em lei sancionada pelo governador Beto Richa.

Mascarados

"É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato", diz o inciso IV do artigo 5.º da Constituição Federal. Com base nesse dispositivo, o deputado Douglas Fabrício (PPS) apresentou projeto de lei, ontem, visando a proibir o uso de máscaras em manifestações públicas. O parlamentar explica: não se trata de impedir os protestos populares; eles são legítimos e devem ser protegidos; mas não se pode tolerar que, por trás das máscaras que os tornam anônimos, baderneiros infiltrados depredem bens públicos e privados, como vem ocorrendo no país nos últimos tempos. Caberá à Segurança Pública regulamentar o modo como aplicar a lei se ela for aprovada.

Deve sair hoje a decisão da Aneel autorizando a Copel a aplicar tão somente 24% de aumento nas contas de luz. O reajuste, conforme pretendia a Copel, seria da ordem de 35% – portanto, o consumidor será "beneficiado" com uma majoração 11 pontos menor. Na aparência, foi uma grande vitória do governador Beto Richa, que há duas semanas se disse "surpreendido" com os exorbitantes 35%, índice absurdo que imputou à exclusiva responsabilidade da agência.

Mas a leitura da suposta "vitória" do governo deve ser outra: na verdade, a diferença de 11 pontos porcentuais será aplicada às tarifas do próximo ano, a eles acrescidos os índices inflacionários dos próximos 12 meses, mais o resíduo de quase 5% represado no ano passado e, ainda, quem sabe, outros acréscimos motivados pela política energética e pela necessidade de investimentos.

Isto é, o consumidor, que nesta véspera de eleição pode ficar contente com a bondade de um aumento menor do que a Copel queria, corre o sério risco de ser penalizado com um reajuste monstro em 2015, ano em que não haverá eleição alguma por perto.

Credit Suisse

Aliás, por falar em represamento de tarifas, advém desse fator o R$ 1,5 bilhão que o Executivo paranaense deve à Copel. No início dos anos 90, com o objetivo de não pressionar a inflação, a União autorizava aumentos da energia em índices menores do que os necessários para cobrir os custos de geração e distribuição. Coisa parecida com o que se faz agora com os preços da gasolina, mantidos baixos como forma de conter a inflação.

Em razão dessa política, as concessionárias de energia acumulavam créditos junto à União – isto é, a diferença entre o reajuste que lhes era permitido e a necessidade real era transferido para um fundo de compensação. Em 1993, quando da renegociação da dívida externa do Brasil, a Copel acumulava um considerável bolo de créditos a receber do governo federal – mas transferiu os direitos para seu acionista majoritário, o governo estadual. Que por sua vez quitou dívidas externas que havia contraído. Então, quem passou a dever para a Copel foi o governo estadual, que se obrigou a pagar a empresa em 244 prestações a juros de 12,5% ao ano.

Agora, 21 anos depois, o governador quer pagar essa dívida cara com o dinheiro supostamente mais barato de outro empréstimo que negociou com o banco Credit Suisse. O juro anual combinado com os suíços é de 5,5%, mas sobre ele incidirá também correção cambial, um fator totalmente fora de controle. Além do que o prazo para pagamento seria mais curto.

O empréstimo internacional precisa de aval da União e aprovação do Senado. Por isso, obrigatoriamente está passando pelo crivo da temível Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que já sinalizou que o financiamento, nos moldes propostos, pode ser um péssimo negócio. E que não está disposta a avalizar o novo empréstimo se o governo do estado não provar o contrário.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]